Diante da reviravolta americana sobre a guerra na Ucrânia, os países europeus, enfraquecidos, tentam se mobilizar. A 16ª rodada de sanções europeias contra a Rússia entrou em vigor nesta segunda-feira (16).
O presidente francês, Emmanuel Macron, se reúne esta tarde com Donald Trump na Casa Branca, onde apresentará ao republicano “propostas” de paz na Ucrânia e para afastar a “ameaça que a Rússia representa para a Europa”.
Em visita nesta terça-feira a Washington, Macron levará “propostas de ação” a Donald Trump para buscar uma “paz duradoura” na Ucrânia, que não se traduza em condições impostas por Moscou
O presidente francês, que chegou a Washington na noite de domingo (23), será recebido por seu homólogo ao meio-dia pelo horário local (10h em Brasília) para uma reunião individual, seguida de almoço e uma entrevista coletiva conjunta às 15h (13h em Brasília). A Ucrânia entra em seu quarto ano de guerra neste dia 24 de fevereiro.
A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, anunciou que viajará aos Estados Unidos na terça-feira (25) para se encontrar com o secretário de Estado americano, Marco Rubio. Kallas disse que, neste momento, é importante manter o máximo de interação possível com o novo governo dos Estados Unidos.
Para Moscou, no entanto, a União Europeia quer que o conflito “continue”, ao contrário de Washington. O ministro russo das Relações Exteriores afirmou nesta segunda-feira que a Rússia não vai parar de lutar na Ucrânia até obter o que deseja das negociações para acabar com o conflito.
“Não cessaremos as hostilidades até que essas negociações levem a um resultado firme e duradouro que seja adequado à Federação Russa”, disse Sergei Lavrov a repórteres, durante viagem a Ancara, na Turquia.
Condições de Moscou
Moscou exige a rendição do exército ucraniano, que Kiev ceda cinco regiões total ou parcialmente ocupadas, renuncie aos planos de adesão à Otan e estabeleça novas autoridades no país.
Após alinhar-se à posição russa, que julga a Ucrânia responsável pela eclosão do conflito em 24 de fevereiro de 2022, e ter aberto negociações com Moscou sem participação ucraniana ou europeia, o presidente Donald Trump insiste em seu desejo de recuperar o o valor da ajuda financeira fornecida desde aquela data a Kiev, obtendo acesso aos recursos minerais ucranianos.
Volodymyr Zelensky descartou assinar um texto pelo qual “dez gerações de ucranianos” teriam de pagar. Kiev diz ter US$ 350 bilhões em recursos naturais em territórios ocupados pela Rússia.
Para Trump, Zelensky – eleito em 2019 por cinco anos e que permanece no cargo pela impossibilidade de realizar eleições no país no meio da guerra – é um “ditador sem eleições”. No domingo (23), o presidente ucraniano disse que não ficou “ofendido” com essas observações porque é “um presidente legitimamente eleito”. Zelensky afirmou estar pronto para deixar a presidência do país em troca da adesão da Ucrânia à Otan.
Enquanto isso, Washington prepara um encontro entre Trump e Vladimir Putin. A Casa Branca considera a adesão da Ucrânia à Otan um projeto “irrealista”.
A Rússia, por usa vez, não esconde a satisfação ao ver Donald Trump romper o isolamento de Vladimir Putin, desejado pelo Ocidente, e a abertura de negociações bilaterais. “O diálogo está acontecendo entre dois presidentes realmente notáveis. Isso é promissor. É importante que nada impeça a implementação de sua vontade política”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, no domingo.
Em um movimento repleto de insinuações, os americanos propuseram um projeto de resolução à Assembleia Geral da ONU que não menciona a integridade territorial da Ucrânia. O texto foi apresentado apesar de o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, ter apelado no domingo por uma paz “justa”, que respeite a “integridade territorial” do país invadido pela Rússia.