Na manhã da última terça-feira (14), criminosos fortemente armados, realizaram uma operação digna de cinema, em uma rodovia na região da Normandia para libertar o prisioneiro Mohamed Amra, de 30 anos, conhecido como “Mosca”. Amra, identificado como chefe de uma gangue do tráfico de drogas em Marselha, estava sendo transportado por agentes penitenciários em um furgão, após uma audiência judicial.
A operação criminosa resultou no brutal assassinato de dois agentes penitenciários e deixou outros três feridos, atualmente hospitalizados. Apesar de uma intensa operação de busca conduzida por diversas autoridades, Amra ainda não foi encontrado.
Esse ataque coordenado contra agentes do Estado francês em plena luz do dia, em uma rodovia principal, reflete os métodos brutais e a ação organizada do narcotráfico no país, segundo parlamentares, indicando uma rápida expansão de seu poder.
Na mesma terça-feira, o Senado francês divulgou um relatório alarmante após seis meses de investigação e 158 audiências, destacando a crescente influência do narcotráfico no país liderado por Emmanuel Macron.
O relatório descreve a França como “submersa” pelo tráfico de drogas, que promove uma violência exacerbada, opera com um modelo econômico organizado e possui sua própria hierarquia. O tráfico de drogas infiltra-se facilmente em áreas urbanas e rurais, impondo suas regras e modelos.
Estima-se que o comércio de drogas movimente cerca de US$ 3,8 bilhões anualmente na França, de acordo com o ministro da Economia, Bruno Le Maire.
Além de destacar a situação calamitosa nos territórios ultramarinos da França, o relatório alerta para o alto risco de corrupção entre funcionários públicos e privados, que podem estar facilitando o comércio de drogas. Os senadores pedem ação imediata do governo para combater as gangues e o tráfico, além de auditorias internas e treinamento para as autoridades.
Durante as audiências do Senado, juízes de Marselha descreveram um cenário sombrio, alertando para o aumento do “narcoterrorismo” na cidade e o risco iminente de colapso do Estado de Direito. Marselha enfrentou 49 mortes e 123 feridos em tiroteios relacionados ao narcotráfico no ano passado.
O relatório também destaca a cooperação internacional deficiente, apontando que os líderes do tráfico de drogas encontram refúgio facilmente em países estrangeiros, como os Emirados Árabes Unidos. Os parlamentares sugerem a criação de um departamento exclusivo para lidar com o combate às drogas e ao tráfico, uma proposta ainda não bem recebida pelo governo Macron.