Uma nova rodada de conversas sobre migração em Berlim, envolvendo o governo de coalizão federal, os democratas-cristãos conservadores (CDU/CSU) e representantes estaduais, encerrou-se sem acordo na terça-feira. A oposição conservadora anunciou que não participará de mais reuniões, mas o governo ainda apresentou uma nova proposta.
As negociações em Berlim foram abruptamente interrompidas quando os políticos da CDU/CSU decidiram se retirar. A decisão ocorreu um dia após a Alemanha anunciar a expansão dos controles nas suas fronteiras terrestres por seis meses, a partir da próxima semana.
A CDU/CSU alegou que as propostas do governo não foram suficientemente robustas. Thorsten Frei e Andrea Lindholz, representantes da CDU e da CSU, criticaram a falta de propostas efetivas para aumentar o retorno de imigrantes à fronteira e descreveram a proposta do governo como uma tentativa de acelerar um sistema que, em sua visão, não funciona.
O líder da CDU, Friedrich Merz, que não participou das negociações, criticou a coalizão governante por sua falta de unidade e acusou o chanceler Olaf Scholz de falta de liderança. Os ministros relevantes, porém, participaram das discussões, enquanto Scholz não estava presente.
O ministro da Justiça, Marco Buschmann, do FDP, defendeu a proposta do governo como compatível com as leis europeia e alemã, em resposta às críticas da CDU/CSU sobre a necessidade de negar a entrada de mais pessoas nas fronteiras.
Em contraste, a Ministra do Interior, Nancy Faeser, propôs a criação de instalações de detenção temporária perto das fronteiras para agilizar o retorno dos requerentes de asilo ao estado-membro da UE onde se registraram. A ideia de Faeser remete às propostas anteriores da CDU/CSU, mas adaptadas para cumprir com as leis europeias.
O fracasso das negociações foi lamentado por alguns, como o parlamentar do SPD, Dirk Wiese, que suspeita que a CDU/CSU estava mais focada em obter vantagens eleitorais antes da eleição em Brandemburgo do que em encontrar um acordo.
A Ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, expressou que a retirada prematura da CDU/CSU deixou muitos tópicos sem discussão e afirmou que as sugestões da CDU de declarar estado de emergência não eram viáveis.
Apesar do impasse, todos os lados afirmaram manter a disposição para continuar a cooperação e discutir soluções futuras.