Após a reunião de financistas e líderes empresariais no Fórum Econômico Mundial em Davos, um conjunto significativo de países em desenvolvimento se reuniu no Uganda para discutir uma possível reformulação da ordem mundial. O Grupo dos 77, como é chamado, busca repensar a governança global. Embora seja concebível imaginar um sistema mais propício à paz, justiça e prosperidade, a probabilidade de implementação é mínima. Reforçar a ordem multilateral e aguardar tempos mais promissores, parece ser uma abordagem mais sensata.
Muitos países têm razões legítimas para criticar o atual sistema de regras e instituições estabelecido após a Segunda Guerra Mundial. O equilíbrio de poder em organizações como as Nações Unidas, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, favorece desproporcionalmente os países ricos, apesar do aumento da participação dos países mais pobres na produção global. Além disso, grandes potências frequentemente desconsideram regras estabelecidas, como evidenciado pela invasão russa à Ucrânia e a tentativa chinesa de expandir seu domínio no Mar da China Meridional.
Os Estados Unidos perderam a oportunidade de criar um mundo melhor quando eram a superpotência indiscutível, após o fim da Guerra Fria. Suas intervenções no Afeganistão e no Iraque geraram caos no Oriente Médio, comprometendo sua pretensão de defender a ordem global. Embora o presidente Joe Biden tenha reunido uma coalizão internacional para enfrentar a agressão russa e chinesa, suas ações, como o apoio incondicional a Israel no conflito de Gaza, minaram sua liderança global.
Apesar das queixas legítimas dos países em desenvolvimento sobre a hegemonia e a hipocrisia dos EUA, recriar completamente a ordem mundial enfrentaria desafios consideráveis. Tanto os EUA quanto a China têm visões contestáveis, e uma revisão geral pode resultar em mais conflitos do que soluções. É mais sensato buscar melhorias no sistema atual, apoiando a ordem mundial existente e promovendo relações menos conflituosas entre as superpotências globais.