A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) publicou na última terça-feira (7) um relatório contundente que denuncia graves violações de direitos humanos atribuídas ao regime de Nicolás Maduro, na Venezuela. Intitulado “Venezuela: graves violações dos direitos humanos no contexto eleitoral”, o documento acusa o governo chavista de praticar “terrorismo estatal” para intimidar a população e silenciar vozes opositoras.
Estratégia Repressiva e Violação de Direitos
O relatório descreve uma série de práticas repressivas usadas pelo regime para manter o controle:
- Execuções extrajudiciais;
- Desaparecimentos forçados de curta duração;
- Detenções arbitrárias;
- Tortura e tratamentos desumanos;
- Censura e restrições à liberdade de expressão;
- Ameaças à população por meio de discursos oficiais.
Um exemplo citado foi a fala de Maduro em julho de 2024, quando advertiu sobre um possível “banho de sangue” caso a oposição assumisse o poder.
Operação Tun Tun e Repressão a Jornalistas
A CIDH também destacou a chamada “Operação Tun Tun”, uma estratégia que remete às batidas policiais nas portas de opositores. Durante essa operação, jornalistas foram ameaçados de prisão, segundo declaração do agora ministro do Interior, Diosdado Cabello, em agosto de 2024.
Fraude Eleitoral e Prisões Políticas
O relatório reforça as denúncias de fraude nas eleições presidenciais de 28 de julho de 2024, cujos resultados oficiais ainda não foram apresentados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). A oposição alega que Edmundo González Urrutia teria vencido o pleito com 67% dos votos, de acordo com atas digitalizadas compiladas em nível nacional.
A repressão política continuou com prisões de figuras opositoras, como Enrique Márquez, ex-candidato presidencial, que foi sequestrado na terça-feira (7), segundo denúncia da ONG Un Mundo Sin Mordaza. Dois dias depois, a líder opositora María Corina Machado foi brevemente presa enquanto participava de uma manifestação contra o regime chavista.
Críticas Internacionais
A posse de Nicolás Maduro, marcada para esta sexta-feira (10), tem sido amplamente boicotada por países que consideram ilegítima sua reeleição. A CIDH classificou o regime venezuelano como uma ditadura que promove o medo e a repressão.
Apesar disso, o governo brasileiro, sob Luiz Inácio Lula da Silva, optou por enviar a embaixadora Glivânia Oliveira para representar o Brasil na cerimônia. Essa decisão contrasta com a postura de países que condenam o regime, reforçando tensões diplomáticas e críticas à posição brasileira.
A CIDH concluiu seu relatório pedindo ações concretas para restaurar a democracia e os direitos humanos na Venezuela, enquanto opositores continuam a enfrentar perseguições em meio a um cenário de crescente repressão.