O ex-funcionário do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Mike Benz, fez uma grave acusação nesta quarta-feira (6), ao afirmar que a Agência Central de Inteligência (CIA), durante o governo Joe Biden, interferiu diretamente nas eleições presidenciais brasileiras de 2022. A denúncia foi feita durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados (Credn), presidida pelo deputado Filipe Barros (PL-PR).
Segundo Benz, a interferência ocorreu por meio de entidades norte-americanas ligadas ao Partido Democrata e financiadas pelo governo dos EUA, como a National Endowment for Democracy (NED), o National Democratic Institute (NDI) e o Atlantic Council — esta última composta, em sua maioria, por ex-diretores da própria CIA.
“Foi criada uma mentira de que os Estados Unidos estariam promovendo a democracia subsidiando grupos pela NED. Na verdade, esses grupos foram usados para encobrir ações da CIA”, declarou Benz.
Coalizão criada após eleição de Bolsonaro
Benz afirmou que, após a eleição de Jair Bolsonaro em 2018, o NDI criou a coalizão “Design 4 Democracy”, com o objetivo, segundo ele, de neutralizar o ambiente digital brasileiro e conter o avanço político conservador. “A acusação era de que a internet brasileira teria interferido no resultado do pleito. Isso foi usado como justificativa para estruturar mecanismos de censura sob orientação estrangeira”, afirmou.
Parceria com o TSE
O ex-secretário também denunciou que o Atlantic Council firmou parcerias com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2022, prestando consultorias e promovendo treinamentos voltados à remoção de conteúdos das redes sociais com base em critérios determinados por entidades estrangeiras.
“Essas instituições atuaram dentro do Brasil para influenciar diretamente o debate público, controlando narrativas e promovendo censura”, denunciou.
Checadores de fatos como “marionetes” da inteligência americana
Mike Benz ainda apontou veículos de checagem brasileiros, como Agência Lupa, Aos Fatos e a Abraji, como parte de um projeto coordenado de censura financiado pelo governo norte-americano. Ele se referiu a esses grupos como “marionetes americanas” e citou que 24 agências que integram o Projeto Comprova estariam diretamente ligadas a órgãos como o Departamento de Estado dos EUA, a Usaid e a própria NED.
Além disso, mencionou a atuação do Consórcio para Processos Políticos e Eleitorais (CEPPs), uma organização norte-americana que, segundo ele, tem relações diretas com os checadores contratados pelo TSE.
“Quatro dos nove checadores utilizados oficialmente pelo TSE têm ligações com esse consórcio internacional”, afirmou.
Filipe Barros cobra investigação
O deputado Filipe Barros, responsável pela audiência, classificou as declarações como “gravíssimas” e um “atentado à soberania nacional”, defendendo a abertura imediata de uma investigação no Congresso Nacional.
“O Brasil precisa apurar com seriedade o que foi dito hoje. Não podemos aceitar que potências estrangeiras interfiram nas nossas eleições e instituições democráticas”, declarou Barros.
Quem é Mike Benz
Mike Benz é diretor-executivo da Foundation for Freedom Online (FFO), uma organização dedicada a investigar e denunciar práticas de censura digital promovidas por governos e grandes empresas de tecnologia. No governo de Donald Trump, atuou no Departamento de Estado como responsável por temas ligados à liberdade de expressão online.
A denúncia feita por Benz fortalece a narrativa de interferência internacional no processo eleitoral brasileiro, alimentando o debate sobre a influência estrangeira na democracia nacional e o papel de entidades privadas e públicas internacionais no controle da informação no Brasil.