A morte do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, em um acidente de helicóptero no domingo, 19, gera incertezas sobre o futuro da República Islâmica, especialmente em sua política externa.
Como uma figura política crucial no Oriente Médio e um apoiador de grupos armados na região, o Irã alterou sua abordagem de confronto indireto com Israel ao atacar o país com drones e mísseis no mês passado. Os próximos passos agora permanecem indefinidos.
Embora o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, detenha o verdadeiro poder de decisão sobre as políticas de Teerã, Raisi tinha certa margem de manobra. Segundo Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais da ESPM-SP, Raisi mantinha boas relações com setores mais conservadores do Irã e exercia influência na política externa, buscando a estabilidade.
Raisi também desempenhou um papel importante no fortalecimento dos laços entre o Irã e a China. Sua visita a Pequim com uma delegação iraniana em fevereiro do ano passado marcou a primeira vez em 20 anos que um presidente iraniano visitou a China.
Apesar de seu pragmatismo, a morte de Raisi levanta questões sobre o futuro das relações internacionais do Irã. Trevisan observa que seu sucessor pode não adotar a mesma abordagem pragmática, o que poderia complicar a situação.
Em relação a Israel, o ataque iraniano recente desencadeou uma resposta coordenada de países ocidentais para defender Israel. Embora não haja evidências de envolvimento israelense na morte de Raisi, qualquer sugestão nesse sentido poderia aumentar as tensões na região.
A morte de Raisi também deixa em aberto o processo de sucessão para o líder supremo Ali Khamenei. Raisi era considerado um dos principais candidatos para suceder Khamenei, cuja idade avançada (85 anos) levanta questões sobre a estabilidade política do país.
Com a morte de Raisi, o Irã enfrenta um período de incerteza política, com repercussões potenciais tanto dentro quanto fora do país.
