Representantes indígenas do povo Krenak, membros de comunidades quilombolas, famílias afetadas, prefeitos e procuradores de quinze cidades estiveram em Londres para acompanhar as duas jornadas de audiência relacionadas ao rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais, ocorrido há oito anos.
As sessões no tribunal britânico têm como objetivo estabelecer o cronograma do julgamento programado para outubro. Em caso de condenação, as mineradoras BHP e Vale podem enfrentar indenizações que chegam a impressionantes R$ 230 bilhões.
Os advogados da Pogust Goodhead, representantes das vítimas, explicaram que a avaliação dos danos estimados foi baseada nas perdas relatadas por todos os envolvidos – indivíduos, municípios, comunidades quilombolas e indígenas, além de instituições religiosas afetadas pelo desastre da barragem.
A Vale também está sendo responsabilizada desde 2018, quando a BHP enfrentou a maior ação ambiental coletiva do mundo nos tribunais de Londres, movida por 700 mil pessoas atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão. Em 2022, após a corte inglesa confirmar a jurisdição do caso, a Vale foi incluída no processo, pois ambas as mineradoras controlam a Samarco, a empresa responsável pela operação em Mariana.
Os rejeitos tóxicos da barragem se espalharam até o Espírito Santo, contaminando o rio Doce, considerado sagrado pelo povo indígena Krenak e responsável por abastecer 230 municípios brasileiros. O desastre resultou na perda de vinte vidas, configurando-se como o que é considerado o pior crime socioambiental da história do Brasil.