Os bancos centrais alemão e holandês sofreram perdas multibilionárias em 2023, apontando para desafios financeiros contínuos à frente e sugerindo a improvável distribuição de dividendos aos cofres estatais nos próximos anos.
Devido a taxas de juros drasticamente mais altas, o Banco Central Europeu e suas afiliadas nacionais enfrentam grandes perdas, esgotando reservas e parte significativa de seu capital, enquanto lidam com o pagamento de bilhões em juros aos bancos comerciais.
O Bundesbank relatou uma perda de 21,6 bilhões de euros em 2023, eliminando praticamente todas as suas reservas, com previsão de mais encargos financeiros nos próximos anos. O banco central holandês registrou uma perda de 3,5 bilhões de euros, também alinhada às expectativas.
“É provável que os encargos financeiros persistam por vários anos”, afirmou o presidente do Bundesbank, Joachim Nagel, acrescentando que não esperam distribuir lucros por um período prolongado.
Enquanto isso, o banco central holandês destacou que seus amortecedores deveriam cobrir perdas futuras, não considerando uma recapitalização pelo governo neste momento.
A maior parte das perdas decorre do programa de estímulo do BCE, que durou uma década, durante um período de inflação excepcionalmente baixa antes da pandemia. Com uma grande quantidade de liquidez em circulação, o BCE enfrenta taxas de depósito de 4% e rendimentos mais baixos em ativos adquiridos.
Embora as perdas não impeçam o funcionamento dos bancos centrais, limitam sua capacidade de pagar dividendos aos governos, expondo-os a críticas e reduzindo uma fonte vital de receita estatal.
O Morgan Stanley estima que as perdas no BCE e nos bancos centrais nacionais aumentarão nos próximos anos, atingindo um pico antes de uma redução em 2025.
