Em uma noite de primavera em Atenas, um executivo de uma empresa de transporte marítimo grega recebeu um e-mail ameaçador. A mensagem alertava que um dos navios da empresa, ao atravessar o Mar Vermelho, estava sob risco de ser atacado pela milícia Houthi, do Iêmen, por violar uma proibição ao atracar em um porto israelense. Assinado pelo Centro de Coordenação de Operações Humanitárias (HOCC), o e-mail ameaçava não apenas o navio, mas toda a frota da empresa com sanções.
Essa campanha de ameaças via e-mail, que começou em fevereiro de 2024, já afetou pelo menos seis empresas de transporte marítimo gregas. Desde o ano passado, os Houthis têm intensificado seus ataques a navios no Mar Vermelho, disparando mísseis, enviando drones armados e lançando barcos explosivos. A tática, que parece ser uma solidariedade aos palestinos na guerra contra Israel, agora se estende a empresas com pouca ou nenhuma ligação com o Estado israelense, aumentando os riscos na região.
A campanha de e-mails dos Houthis representa uma nova fase de sua estratégia no conflito, mirando em frotas inteiras e ampliando as ameaças no comércio marítimo. Muitas empresas de transporte já interromperam suas rotas pelo Mar Vermelho, devido aos riscos crescentes e ao aumento nos custos de seguro. No entanto, algumas companhias, devido a compromissos comerciais, continuam a transitar pela região, mesmo com os perigos.
Com o Mar Vermelho sendo a rota mais rápida para o transporte entre Europa e Ásia, a situação é delicada. Enquanto navios de empresas chinesas e russas, sem ligação com Israel, conseguem navegar com segurança, empresas ocidentais enfrentam dilemas sobre como garantir a segurança de suas tripulações e cargas em uma área cada vez mais volátil.