Comunicado teria sido passado aos líderes do bloco europeu
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, informou aos líderes da UE, durante a cúpula da União Europeia, que a assinatura do acordo com o Mercosul foi adiada, disseram três fontes à Reuters nesta quinta-feira (18).
O portal de notícias Politico noticiou que a assinatura foi adiada para janeiro, informação confirmada por duas fontes.
O acordo enfrenta forte resistência da França e Itália, mesmo com esforços da líder da Comissão Europeia em assinar o tratado neste sábado (20), durante a Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu (PR).
O governo francês fez forte oposição ao acordo, sobretudo por questões envolvendo o agronegócio. O coro foi reforçado na véspera pela líder italiana, Giorgia Meloni, que disse que não está pronta para apoiar o tratado.
Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o acordo entre o Mercosul e a União Europeia é mais favorável aos europeus do que aos países do bloco sul-americano.
A declaração foi feita durante entrevista coletiva nesta quinta-feira (18), quando o presidente brasileiro comentou sobre as negociações que já duram 26 anos.
Lula destacou que, apesar de não obter todos os benefícios desejados, o Mercosul está completamente disposto a concretizar o acordo. “O Mercosul está 100% disposto a fazer o acordo, mesmo não ganhando tudo o que a gente queria ganhar. O acordo é mais favorável à União Europeia do que a nós”, afirmou.
O presidente brasileiro explicou a importância política do tratado comercial, que envolve cerca de 722 milhões de pessoas e movimenta aproximadamente US$ 22 trilhões.
“Nós dissemos para eles que esse acordo é extremamente importante do ponto de vista político, porque é um acordo que vai dar uma resposta de sobrevivência e de sobrevida do multilateralismo àqueles que querem construir o unilateralismo”, declarou.
Resistências europeias ao acordo
Durante a entrevista, Lula mencionou que sempre soube da oposição da França ao acordo. Ele revelou ter conversado várias vezes com o presidente francês Emmanuel Macron e até mesmo com sua esposa, Brigitte Macron, a quem pediu para “abrir o coração do Macron para fazer o acordo com o Brasil”.
O presidente brasileiro argumentou que a França não tem muito a perder com o acordo, uma vez que os países produzem itens diferentes. “Se nós tivermos capacidade de produzir carne de boi, de porco, melhor do que eles, paciência. O francês tem o direito de escolher o que é melhor para ele”, afirmou.
Lula também revelou que conversou com a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, após a Itália se juntar à França na resistência ao acordo. Ele esclareceu que a data de 20 de dezembro para a assinatura do tratado não foi proposta pelo Brasil, mas pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e pelo ex-primeiro-ministro português António Costa.