Levantamento considera primeiro mês de vigência da Medida Provisória nº 1292, que entrou em vigor em março
Quase um quarto dos trabalhadores que contrataram crédito consignado pelo novo modelo do Crédito do Trabalhador comprometeram mais de 35% do salário com parcelas — acima do limite definido pelo governo federal —, segundo uma pesquisa do Serasa Experian divulgada nesta semana.
O levantamento considera o primeiro mês de vigência da Medida Provisória nº 1292, que entrou em vigor em março e passou a permitir que empresas sem convênio com bancos operem com o consignado privado.
O estudo também aponta que 5% dos colaboradores analisados tinham mais de um empréstimo consignado ativo, o que não é permitido pelas regras da MP, mesmo que haja margem disponível.
A pesquisa mostra ainda que, em média, 40% dos funcionários de uma empresa têm contratos de consignado ativo, com dois empréstimos por pessoa. Em uma organização com cinco mil empregados, isso pode significar a gestão de até quatro mil contratos simultaneamente.
O levantamento também aponta que a MP vem ampliando a concorrência entre instituições financeiras. Segundo o estudo, 35% dos contratos foram firmados com credores sem vínculo anterior com os empregadores — acesso que só foi possível com o novo modelo.
Segundo o CEO da SalaryFits, Délber Lage, a nova sistemática exige cuidado redobrado com o cálculo da margem consignável.
“Alguns trabalhadores têm experimentado um maior comprometimento de renda, pois o novo cálculo pré-estabelecido não leva em consideração possíveis descontos em folha que podem ocorrer mensalmente, como coparticipações de plano de saúde, que reduzem o salário líquido do colaborador”, explica.
Lage ainda destaca que o controle sobre a contratação de empréstimos deve incluir a verificação de múltiplos contratos ativos por colaborador, o que é proibido pelas regras do programa.
Segundo ele, diante do alto volume e da complexidade das operações, é essencial que as empresas automatizem e atualizem seus processos o quanto antes para evitar erros e garantir conformidade.
Lage também ressalta que já existem soluções tecnológicas capazes de realizar essa gestão de forma automática e sem custos para o setor de Recursos Humanos, uma vez que os encargos são arcados pelas próprias instituições financeiras que concedem os empréstimos.
O estudo analisou 2.200 contratos no período de 21 de março a 20 de abril, considerado o primeiro mês completo após a entrada em vigor da MP.