As taxas dos DIs de curto prazo encerraram a terça-feira próximas da estabilidade, enquanto as taxas de prazos mais longos subiram. A sessão foi marcada por dados inflacionários favoráveis no Brasil e pela queda significativa dos rendimentos dos Treasuries no exterior.
Apesar do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em agosto ter apresentado um desempenho melhor do que o esperado, a curva de juros brasileira ainda precifica uma alta de pelo menos 25 pontos-base na Selic na próxima semana, que atualmente está em 10,50% ao ano.
No final da tarde, a taxa do DI para outubro de 2024, um dos contratos mais líquidos e que reflete as expectativas para a reunião do Copom deste mês, estava em 10,54%, comparada a 10,538% no ajuste anterior.
Para janeiro de 2025, a taxa do DI estava em 10,915%, em relação a 10,923% do ajuste anterior, enquanto para janeiro de 2026, a taxa foi para 11,76%, contra 11,756% anteriormente.
Nos contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 fechou em 11,81%, ante 11,764%, e o contrato para janeiro de 2033 teve taxa de 11,77%, comparada a 11,727%.
Pela manhã, antes da abertura dos mercados, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o IPCA registrou uma deflação de 0,02% em agosto, após uma inflação de 0,38% em julho. Esta foi a primeira taxa negativa desde junho de 2023 (-0,08%) e ficou abaixo da expectativa de inflação de 0,01%, conforme pesquisa da Reuters com economistas.
No acumulado de 12 meses até agosto, o IPCA subiu 4,24%, comparado a 4,50% em julho e abaixo da expectativa de 4,29%.
Luciano Rostagno, estrategista-chefe da EPS Investimentos, comentou que o IPCA veio abaixo do esperado, com uma abertura benigna do indicador, incluindo inflação de serviços bem-comportada e núcleos de inflação também controlados. “Isso favoreceu o fechamento da curva de juros no Brasil. Lá fora, os yields dos Treasuries também caíram, o que ajudou”, afirmou.
Embora as taxas dos DIs apresentassem um leve viés de baixa, especialmente nos contratos de longo prazo, esse movimento não se sustentou e as taxas longas mostraram leves ganhos na metade da tarde. Diego Faust, sócio da Manchester Investimentos, observou que “não houve nada de anormal. A alta observada a partir das 14h15 foi breve e parte de uma flutuação normal de mercado.”
As taxas dos DIs de curtíssimo prazo permanecem próximas dos ajustes anteriores, com alterações mínimas na precificação para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana. Perto do fechamento, a curva de juros brasileira precificava 96% de chance de uma alta de 25 pontos-base na Selic e 4% de chance de um aumento de 50 pontos-base, em comparação com 91% e 9%, respectivamente, na segunda-feira.