De acordo com um levantamento da consultoria BMJ para a CNI, o setor industrial responde por 27,3% do prejuízo mensal
As tarifas impostas pelos Estados Unidos podem provocar perda anual superior a US$ 3 bilhões (R$ 16,6 bilhões) nas exportações brasileiras, com forte impacto sobre a indústria, segundo estudo da consultoria BMJ para a Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, só entre agosto e outubro, o prejuízo consolidado foi de US$ 767,8 milhões.
O setor industrial responde por 27,3% das perdas mensais, com destaque para produtos como ferroligas, pneus, madeira e aço. A perda mensal total chega a US$ 255,9 milhões, acima dos US$ 174,8 milhões atribuídos apenas à tarifa adicional de 40%.
O tarifaço ainda mantém 74% do valor exportado ao mercado norte-americano sob sobretaxa. A alíquota de 40% segue incidindo sobre aço, alumínio, cobre, madeira e café solúvel, enquanto novos riscos vêm de investigações sob a Seção 301 — ligadas a desmatamento, propriedade intelectual e sistemas de pagamento como o Pix.
Os setores mais atingidos pelas tarifas dos EUA
Exceções anunciadas por Donald Trump no dia 20 aliviaram 13 grupos de produtos, incluindo café não torrado, carnes, frutas, minério de ferro e petróleo, que representavam 26% do valor afetado pela tarifa de 40%.
A BMJ aponta desvantagem competitiva de 25 a 30 pontos porcentuais para manufaturados brasileiros ante fornecedores como Argentina, União Europeia e Reino Unido. Sem avanço nas negociações com o governo Trump, a perda pode chegar a US$ 5 bilhões anuais. Se houver acordo, o Brasil pode recuperar até US$ 1,6 bilhão por ano.
Setores mais atingidos
– Produtos industrializados diversos: US$ 69,7 milhões/mês (27,3%)
– Madeira e derivados: US$ 28,6 milhões/mês
– Aço e semimanufaturados: US$ 27,6 milhões/mês
– Máquinas e equipamentos: US$ 25,4 milhões/mês
Trump reduz impostos sobre café, carne bovina e frutas
No dia 14 de novembro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva que reduz as tarifas sobre alguns produtos brasileiros.
No documento, Trump afirmou que tomou a decisão depois de “considerar as informações e as recomendações que autoridades forneceram”. Além disso, destacou o andamento das negociações com diversos parceiros comerciais, a demanda por certos produtos e a capacidade interna de produção.
“Na medida em que a implantação desta ordem exigir o reembolso de tarifas alfandegárias cobradas, as restituições serão processadas de acordo com a legislação aplicável e com os procedimentos padrão da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA”, afirmou o republicano.