Produtos nacionais enfrentam cancelamentos enquanto o governo Lula articula resposta à tarifa de 50%
As incertezas sobre a política tarifária dos EUA continuam influenciando o desempenho dos mercados. Nesta segunda-feira, 14, o dólar teve uma alta de 0,65% e encerrou o dia valendo R$ 5,5837, o maior patamar do mês.
Já o Ibovespa – principal indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na bolsa de valores do Brasil – registrou queda de 0,50%, alcançando 135.503 pontos.
O foco dos investidores permanece voltado para os desdobramentos do tarifaço anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump.
Na semana passada, Trump anunciou uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros, provocando alta de 2,28% do dólar frente ao real, além de queda acumulada de 3,59% no Ibovespa, que fechou aos 136.187 pontos.
Embora a tarifa só entre em vigor em agosto, exportadores nacionais já observaram impactos: pedidos dos setores de mel e pescados foram cancelados por empresários dos EUA, diante do receio de incidência da nova taxação.
Empresas brasileiras agora aguardam a resposta oficial do governo diante das medidas.
Nesta segunda, o governo Lula criou um comitê de empresários para buscar alternativas para a crise. O governo avalia tanto negociar a reversão da tarifa quanto acionar a lei da reciprocidade como possível retaliação aos Estados Unidos.
No exterior, Trump também estabeleceu tarifas de 30% para México e União Europeia, que agora analisam estratégias para amenizar os efeitos das medidas.
Internamente, o mercado brasileiro repercute a divulgação do IBC-Br, indicador considerado prévia do PIB, que apontou queda de 0,7% – a primeira do ano.
Dados acumulados mostram alta semanal de 2,28% e mensal de 2,11% para o dólar, enquanto o índice anual apresenta queda de 10,22%. O Ibovespa, por sua vez, acumula baixa semanal de 3,59%, mensal de 1,98% e alta anual de 13,22%.
Exportadores já sentem os efeitos: o Grupo Sama, no Piauí, teve cancelamento imediato de 585 toneladas de mel orgânico, parte já armazenada em porto.
O setor de pescados também sofreu impacto, com o desembarque de 58 contêineres de peixes, lagostas e camarões em três portos do Nordeste devido à suspensão de pedidos dos EUA.