A moeda brasileira vive um dos seus momentos mais delicados na história recente.
Sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o real foi a divisa que mais perdeu valor frente ao dólar em 2024, registrando uma desvalorização acumulada de 21,52% até o dia 17 de dezembro, segundo a consultoria Elos Ayta.
O cenário levanta preocupações sobre a gestão econômica do país e a confiança dos mercados no governo atual.
Um retrocesso histórico
A desvalorização atual do real se aproxima dos níveis registrados durante o auge da pandemia, em 2020, quando a moeda caiu 22,44%.
Nesta quarta-feira, o dólar atingiu R$ 6,267, seu maior valor nominal de fechamento na história. Apesar do avanço parcial de medidas fiscais no Congresso, o receio fiscal e o contexto global de juros mais altos têm intensificado a pressão sobre a moeda brasileira.
Os sinais emitidos pelo governo Lula também alimentam o clima de incerteza. Especialistas destacam que a falta de clareza em relação ao compromisso com a disciplina fiscal e a pressão por gastos públicos são fatores que minam a confiança dos investidores.
O peso do cenário internacional
Embora o Federal Reserve (Fed) dos EUA tenha cortado juros, a decisão de reduzir o ritmo de flexibilização monetária fortaleceu ainda mais o dólar. Isso, somado às incertezas internas do Brasil, fez com que o real se destacasse negativamente em um cenário global já desafiador.
No ranking das 20 principais moedas globais, o real é seguido por desempenhos negativos menores, como o euro (-5%) e o yuan chinês (-3%).
Em contraste, moedas como o peso mexicano e a lira turca apresentaram valorizações de dois dígitos, refletindo economias que, apesar de enfrentarem desafios, têm mostrado maior resiliência.
Consequências e perspectivas
A forte desvalorização do real impacta diretamente a inflação e o poder de compra dos brasileiros, elevando o custo de importados e pressionando os preços internos. Além disso, compromete a competitividade do país em um cenário global que demanda maior solidez econômica.
A história recente mostra que valorizações significativas do real ocorreram em momentos de ajustes econômicos ou mudanças políticas que trouxeram esperança de estabilidade. O governo Lula, neste momento, enfrenta o desafio de reconquistar essa confiança.
O desempenho da moeda brasileira em 2024 não é apenas um reflexo do cenário global, mas também um indicador da fragilidade das políticas econômicas domésticas.
Resta saber se o governo será capaz de reverter essa tendência e restaurar a credibilidade do país perante os mercados e a população.