A queda da atividade econômica contribuiu para a redução da demanda por transporte de cargas
Enfrentando queda de ritmo nas linhas de montagem, o setor de caminhões registrou a eliminação de 412 postos de trabalho no trimestre encerrado em agosto, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Mesmo assim, o total de vagas na indústria automotiva passou de 109.405 em maio para 110.081 em agosto. A Anfavea, porém, não informou a variação nos demais segmentos.
No universo das fábricas de caminhões, as demissões corresponderam a 2% das vagas disponíveis.
Algumas montadoras optaram por manter parte dos funcionários afastada, mas com salários pagos, com o objetivo de preservar o investimento em treinamento — avaliando eventuais demissões caso a demanda continue baixa. Não há divulgação dos cortes por empresa.
Queda nos emplacamentos e estabilidade nas exportações
No mesmo período, a produção do segmento acompanhou a retração dos emplacamentos, que caíram 16,5%. Já as exportações permaneceram praticamente estáveis, com leve queda de 0,3%.
Em comparação a agosto de 2024, a redução foi mais acentuada, porém, as exportações cresceram 88% em relação ao ano anterior, amenizando os impactos.
Apesar do crescimento da produção de veículos perante julho, o volume foi 5% inferior ao registrado em agosto de 2024. De acordo com a Anfavea, o segmento de caminhões sente mais fortemente o efeito dos juros elevados no país.
Impacto dos juros e da economia desaquecida no setor de caminhões
O Banco Central (BC) decidiu manter a Selic em 15% ao ano em 17 de setembro, o maior patamar desde 2006, colocando o Brasil atrás apenas da Turquia entre as maiores taxas do mundo.
Esse cenário encarece financiamentos e desestimula empresas, principais compradoras de caminhões, a investir em novos veículos.
A queda na atividade econômica também contribui para a menor demanda por transporte de cargas.
O IBC-Br, indicador do BC para a economia, registrou retração de 0,53% em julho perante junho, acumulando três meses seguidos de resultado negativo.