Os servidores do Tesouro Nacional e da Controladoria-Geral da União (CGU) intensificaram suas ações após rejeitar a terceira proposta de reajuste salarial apresentada pelo governo federal. Representados pelo Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle (Unacon Sindical), os servidores entraram com uma ação coletiva na Justiça para exigir a publicação das exonerações de ocupantes de cargos que já haviam entregue suas funções em apoio ao movimento da categoria. O sindicato acusa o governo de abuso de poder, afirmando que a demora de mais de 60 dias para a publicação das exonerações é ilegal.
Greve e Assembleia Extraordinária
Nesta quinta-feira (10), os servidores se reunirão em assembleia geral para decidir sobre os próximos passos da greve, que já está causando impactos significativos, incluindo a venda de títulos do Tesouro Direto. Em discussão estará a possibilidade de intensificar a paralisação, que atualmente ocorre um dia por semana, com a proposta de expandir para dois dias de greve semanais. Segundo comunicado do sindicato, as repercussões já são notáveis, principalmente no setor financeiro.
Rejeição das Propostas do Governo
A Unacon Sindical já rejeitou três propostas de acordo feitas pelo governo, alegando que nenhuma delas atende aos pontos principais da pauta de reivindicações. Entre os principais pedidos estão:
- A alteração do requisito de ingresso para a carreira de Técnico Federal de Finanças e Controle (TFFC), em conformidade com um acordo assinado em 2015.
- A manutenção dos 13 níveis da tabela de progressão salarial.
- A correção das assimetrias salariais com outras carreiras de nível equivalente na Administração Pública Federal.
Rudinei Marques, presidente da Unacon Sindical, criticou a gestão do secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmando que o órgão está em “ebulição” e que as tentativas de Ceron de conter o movimento apenas “jogaram mais lenha na fogueira”.
Protestos e Manifestações
No dia 3 de outubro, servidores do Tesouro realizaram um protesto durante a apresentação dos dados do resultado primário do governo federal, na sede do Ministério da Fazenda. Vestidos de palhaço, seguravam cartazes com frases como “o governo não sabe o tesouro que tem” e “acordo se cumpre: nível superior para os técnicos”. A paralisação de 24 horas que ocorreu no mesmo dia tinha como objetivo pressionar o governo por uma recomposição do orçamento frente aos cortes recentes.
Resposta do Governo
Apesar da pressão crescente, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou que os serviços do Tesouro seguirão funcionando normalmente. Ele ressaltou que busca um equilíbrio nas negociações, tratando os servidores com respeito e garantindo a continuidade dos serviços públicos essenciais. Contudo, até o momento, o Ministério da Fazenda e a CGU não se pronunciaram oficialmente sobre a falta de acordo com os servidores.
A greve e a escalada das tensões indicam que o impasse pode perdurar, com potenciais impactos nas operações financeiras do governo e na administração pública federal.