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segunda-feira, 8 julho, 2024
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Refinarias privadas avaliam processar Petrobras por falta de reajuste

Por Marina B.

O presidente da Refina Brasil, associação que representa as refinarias privadas do país, Evaristo Pinheiro, afirmou ao Estadão/Broadcast que está considerando entrar na Justiça contra a Petrobras devido à falta de reajuste nos preços da gasolina e do diesel. Segundo Pinheiro, a estatal, que controla 80% do mercado, está dificultando a sobrevivência dos concorrentes.

“Desde o dia 10 de junho, a nossa querida Petrobras decidiu se descolar dos preços internacionais”, ironizou. De lá para cá, o preço do petróleo Brent subiu e o dólar disparou em relação ao real, aumentando o custo das importações. “Daqui a pouco não fará mais sentido produzir combustível no Brasil”, acrescentou.

Pinheiro destacou que é incoerente o governo tentar resolver o déficit fiscal e, ao mesmo tempo, renunciar aos ganhos que teria com o reajuste dos preços nas refinarias da Petrobras.

No caso da gasolina, já são 257 dias sem alteração de preço, resultando em uma defasagem de 19% (dados do fechamento de segunda-feira) em relação ao Golfo do México, região usada como referência pelos importadores. No diesel, o preço está há 190 dias inalterado, com uma diferença de 17%. Para equiparar os preços, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calcula que a Petrobras deveria aumentar a gasolina em R$ 0,67 e o diesel em R$ 0,73.

“Para os acionistas, para o governo e para nós, isso é péssimo. Lula ataca o Banco Central, o câmbio sobe, aumentando o custo de importação e o custo da Petrobras, que deixa de ganhar num momento em que o governo precisa de arrecadação. É um disparate completo”, avaliou Pinheiro.

O executivo alertou que a Petrobras não vende petróleo para as refinarias privadas, exceto para a Acelen, controladora da Refinaria de Mataripe, na Bahia, que tem contrato com a estatal. Assim, as pequenas refinarias privadas precisam importar, o que está se tornando impraticável com a alta do dólar. “Ou essas refinarias seguem o preço de paridade de importação (PPI) ou quebram”, afirmou.

De acordo com Pinheiro, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu que a Petrobras deve vender petróleo para as refinarias privadas a preço competitivo, mas isso ainda não foi regulamentado. Segundo ele, se implementado corretamente, a Petrobras terá que oferecer petróleo a preços competitivos, permitindo que as refinarias privadas possam exportar seus produtos em vez de vender com prejuízo no mercado interno.

“Estamos estudando medidas jurídicas porque não dá mais para continuar assim. Se continuar dessa maneira, não fará sentido produzir derivados no Brasil”, concluiu o executivo.

O Efeito do Dólar

Com a cotação do dólar se aproximando dos R$ 5,70 e um furacão ameaçando a região do Caribe, o preço da gasolina e do diesel no Brasil se distancia cada vez mais do praticado no mercado internacional. Esse cenário abre espaço para que a Petrobras reajuste os combustíveis, apesar da nova política da empresa não seguir mais a paridade de importação (PPI) e a presidente da estatal, Magda Chambriard, ter indicado a manutenção dos preços “abrasileirados”.

O aumento de 3,2% concedido na segunda-feira, 1º, para o Querosene de Aviação (QAV), reajustado por contrato mensalmente, animou os importadores, que reclamam do congelamento dos preços dos combustíveis ao longo de 2024 e temem a alta do preço do petróleo com o furacão Beryl, que assola o Caribe.

O petróleo Brent, usado como referência pela Petrobras e pelos importadores em geral, operava em grande volatilidade nesta terça-feira, 2, entre pequenas altas e estabilidade. Por volta das 12h, a commodity registrava alta de 0,24%, sendo cotada a US$ 86,82.

“Já passou da hora da Petrobras reajustar seus preços. Vimos que a Petrobras anunciou um aumento de 3,2%, e, para nós, a expectativa é de que anunciará sim o aumento do preço da gasolina e do diesel”, disse ao Estadão/Broadcast o presidente da Abicom, Sergio Araújo, destacando a pressão nas contas da estatal com a proximidade do dólar de R$ 5,70 nesta terça-feira, 2.

A Petrobras abandonou o PPI em maio do ano passado e passou a adotar uma estratégia que considera o preço mínimo que a estatal está disposta a vender com o preço máximo que o cliente quer pagar. Por esse motivo, o mercado financeiro tem tido dificuldade de prever os próximos passos da estatal, que também passou por uma recente mudança de direção. Em suas primeiras declarações, Magda afirmou que não pretende alterar a política implantada pelo seu antecessor, Jean Paul Prates.

A Acelen, braço do fundo de investimento árabe Mubadala no Brasil, que controla a Refinaria de Mataripe, na Bahia, privatizada há dois anos e que pratica o PPI, aumentou o preço da gasolina em 10% em junho e o do diesel S10 em 11%.

Para o analista de energia da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, não há sinais de que a Petrobras mexerá em seus preços para o diesel e a gasolina, que não sofrem revisão desde dezembro e outubro de 2023, respectivamente.

“Existe uma defasagem, sobretudo na gasolina, mas dentro da nova política da empresa, não há indicativo algum de alteração nos preços”, avaliou Arbetman.

Segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), a diferença apurada entre os preços internos e externos é bem maior. No caso da gasolina, a defasagem já estaria em 25,17%, enquanto o diesel registra preço 10,62% mais barato no Brasil do que no mercado externo.

“Na abertura das negociações, o barril recebeu suporte da deterioração das condições de segurança no Oriente Médio, alimentado pela crescente tensão entre as forças de Israel e Hezbollah na fronteira com o Líbano. Ao longo do dia, entretanto, a divulgação de resultados econômicos abaixo do esperado nos Estados Unidos e na Alemanha impactou os preços da commodity”, explicou o Cbie.Mostrar menos

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