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sexta-feira, 14 março, 2025
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Recado do 1º Copom sob nova direção foi acertadamente duro, dizem economistas

Por Alexandre Gomes

Especialistas também viram como adequada a decisão de manter a orientação futura apenas para a próxima reunião, em março; autoridade monetária ganha assim tempo para ver os efeitos dos juros sobre a economia

Com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) já antecipada de elevar a taxa de juros em 1 ponto percentual nesta quarta-feira (29) e a manutenção da orientação (guidance) de outra alta da mesma magnitude em março, as atenções do mercado se voltavam hoje para os termos do comunicado.

E a comunicação recebeu elogios de economistas, não só pelo reconhecimento de uma desancoragem adicional das expectativas para o IPCA, mas por manter o alerta sobre o risco fiscal.

“O Comitê segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes”, mostrou o texto do Copom.

Sobre esses pontos e também a decisão de só manter o guidance para uma reunião, Luis Cezário, economista chefe da Asset 1, classificou a comunicação como adequada. Ela opina que dar uma sinalização sobre qual seria a decisão mais provável para duas reuniões à frente é uma estratégia pouco comum.

“Ela fez sentido na reunião de dezembro para facilitar a transição para o início do mandato do [Gabriel] Galípolo na presidência do Banco Central e indicar que o aperto monetário teria continuidade. Agora, é sensato que o Copom queira ter mais flexibilidade para observar os dados e reagir aos eventos que ocorrerão até maio”, comenta.

Em live do InfoMoney no Youtube, Caio Megale, economista-chefe da XP, disse que a decisão do BC já estava “telegrafada” desde dezembro, até para blindar o início da gestão de Gabriel Galípolo à frente do BC. E foi mantido o tom duro (“hawkish”) comunicado. “Não haveria nenhum ganho em o BC não soar bastante duro nesse comunicado”, comenta.

Para Megale, o BC não destacou que já há sinais de desaceleração da economia, mas no balanço de riscos do comunicado colocou esse esfriamento como um dos fatores que podem diminuir a pressão nos preços à frene. “A gente vê uma economia mais equilibrada ao longo do primeiro semestre, o que vai permitir desacelerar o ritmo {de altas da Selic], para 0,75 p.p. em maio”, prevê..

André Muller, estrategista e economista-chefe da AZ Quest, aponta o Copom seguiu indicando que manterá a política monetária contracionista e que não há qualquer indicação sobre o final do ciclo. “É uma decisão que contempla o que os agentes de mercado esperavam”, diz.

Na opinião de Rafaela Vitoria, Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, considerando a incerteza no cenário e como os fatores de risco vão se comportar ao longo dos próximos três meses, a decisão de não indicar mudança no ritmo de alta ou nem mesmo a magnitude do ciclo é acertada nesse momento.

Para ela, apesar do choque de juros significativo em curso, a inflação deve seguir acelerando nesse começo de 2025. “Esperamos um pico de 5,6% para o IPCA em agosto, fechando o ano em 5,1%. Nesse cenário, a nossa expectativa é que a Selic deva chegar a 15% no final do ciclo, um juro real próximo de 10% e ainda assim sem expectativa de convergência rápida da inflação para a meta”, estima.

Ela destaca ainda que a recente revisão de alta de juros pelo mercado não foi suficiente para ancorar as expectativas, que seguem em alta desde dezembro. “Em meio à forte expansão fiscal dos últimos dois anos, a política monetária perdeu potência e a queda da inflação hoje depende muito mais do controle dos gastos públicos e o consequente desaquecimento da demanda.”

Para Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, essa foi uma reunião do Copom para “não fazer marola”. “O aumento dos juros veio como esperado e tivemos poucas mudanças no comunicado. Até o singular na frase “na próxima reunião” seguiu o roteiro”, afirma.

Para o economia, isso não é necessariamente uma boa notícia, uma vez que corrobora o cenário de aceleração da inflação e da necessidade de mais juros para reverter esse processo. “Por isso, mantemos a nossa projeção que, além do aumento de 1,00 p.p. na reunião de março, o Copom terá que dar mais 0,75 p.p. até o final do 1º semestre, com a Selic chegando a 15,00% a.a”, afirma, destacando que esse nível que deve ser mantido, pelo menos, até o final de 2025. “O cardápio não é bom, mas é o que temos para hoje.”

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