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segunda-feira, 25 novembro, 2024
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Privatização da Sabesp movimenta R$ 14,8 bilhões e atrai interesse internacional

Por Marina B.

A privatização da Sabesp, a maior oferta de ações da história do setor de saneamento, gerou um total de R$ 14,8 bilhões. Desses, R$ 6,9 bilhões foram adquiridos pela Equatorial, que comprou 15% da empresa ao preço de R$ 67 por ação. O restante veio da oferta global, que atraiu 310 investidores institucionais. Foram vendidas 191,7 milhões de ações, além de um lote adicional de 28,7 milhões, pelo mesmo preço. Um comunicado oficial com os números finais será divulgado nesta quinta-feira, 18, após às 22h.

Nesta quinta-feira, foi realizada a alocação das ações entre os investidores da oferta. A demanda total alcançou R$ 187 bilhões, um recorde para uma oferta pública no Brasil, conforme antecipado pelo Estadão/Broadcast. Esse valor, porém, pode estar inflacionado, pois investidores solicitaram mais ações do que pretendiam comprar, antecipando um possível rateio. Essa expectativa provocou uma alta nas ações da Sabesp na B3, que atingiram um preço recorde de quase R$ 85,00 nesta semana.

A liquidação da oferta está marcada para a próxima segunda-feira, 22, quando ocorrerá uma solenidade na B3 para marcar a privatização da companhia, com a presença do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, da Secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natalia Resende, e representantes dos bancos coordenadores.

A oferta foi coordenada pelo BTG Pactual, em conjunto com Itaú BBA, Citi, Bank of America e UBS BB. Também participaram Bradesco BBI, Goldman Sachs, JPMorgan, Morgan Stanley, JSafra, Santander e XP.

Entre os investidores, 53% foram estrangeiros e o restante de gestoras locais, incluindo fundos de países da Ásia, Europa, Oriente Médio e Estados Unidos. Grande parte dos fundos são “long only”, apostando na valorização das ações no longo prazo, e vêm de áreas de infraestrutura e práticas sustentáveis (ESG).

Para atrair esses investidores, o governador Tarcísio de Freitas e a secretária Natália Resende realizaram reuniões em diversos países, incluindo EUA, Londres, Zurique, Miami, Paris e Genebra, além de encontros em São Paulo e Rio. No total, foram 270 investidores (140 locais e 130 internacionais) envolvidos nesses ‘roadshows’.

O processo de desestatização começou em fevereiro de 2023 e a privatização foi aprovada em dezembro do mesmo ano, com a venda se concretizando após aproximadamente oito meses. Com a privatização, a participação do governo de São Paulo na Sabesp caiu de 50,3% para 18%.

Obrigações

A privatização inclui um compromisso de investimentos de R$ 70 bilhões até 2029 para a universalização de água e esgoto em São Paulo. A Equatorial também está proibida de investir em áreas concorrentes e de vender suas ações até aquele ano. Outras empresas, como IG4, Veolia, Aegea, Cosan, Brookfield e o grupo Votorantim, consideraram participar da operação.

Para pagar os R$ 6,9 bilhões ao governo de São Paulo, a Equatorial obteve um empréstimo ponte de quatro bancos, com prazo de 18 meses, e fez uma emissão de notas comerciais, liquidada na terça-feira, 16, que servirá como garantia para os empréstimos. Os bancos envolvidos na emissão foram Itaú BBA, Safra, UBS BB e Bradesco BBI.

Protestos

A privatização da Sabesp gerou críticas e protestos. Houve manifestações na sede da Equatorial e em algumas Câmaras Municipais, além de ações de partidos de esquerda, como PT, PV, Rede, Psol e PcdoB, inclusive no Supremo Tribunal Federal (STF).

Uma das principais críticas é que a Sabesp foi vendida por um valor abaixo do mercado. A Equatorial, a única empresa a apresentar proposta de investimento, ofereceu R$ 67,00 por ação, valor que estava abaixo das cotações na época e ainda mais abaixo das cotações atuais. Nos últimos dias, a ação chegou a atingir R$ 85 e hoje é negociada em torno de R$ 82, cerca de 20% acima do preço pago pela Equatorial.

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