O desempenho econômico do Brasil no início do ano, traz tanto boas notícias quanto algumas preocupações ocultas. O crescimento mais robusto do que o esperado, abrangendo vários setores, marcou o início de 2024, com o Produto Interno Bruto (PIB) registrando um avanço de 0,8% no primeiro trimestre em relação ao último trimestre do ano anterior, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira, 4 de junho. Em comparação com o mesmo período de 2023, o aumento foi de 2,5%, levando os analistas a ajustarem suas projeções para o restante do ano. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que esse crescimento foi impulsionado pelos serviços e pelo aumento do consumo das famílias, levando membros do governo a comemorarem a perspectiva de o Brasil reconquistar a oitava posição entre as maiores economias do mundo.
Entretanto, uma análise mais profunda revela que nem tudo são flores. Grande parte do crescimento, como apontou o ministro Haddad, vem do consumo, impulsionado por incentivos fiscais que podem resultar em consequências adversas. Segundo o economista Fabio Giambiagi, pesquisador associado da Fundação Getulio Vargas (FGV), um país que depende sistematicamente do crescimento do consumo enfrenta desafios macroeconômicos clássicos, incluindo o aumento rápido das importações e, principalmente, a inflação. Essa abordagem, embora traga benefícios a curto prazo, não é sustentável a longo prazo. Giambiagi destaca a importância de o governo controlar a ansiedade diante dessa estratégia.
A dependência do consumo como motor da economia, combinada com gastos públicos em vários setores e crédito acessível, remonta aos anos anteriores e resultou em crises econômicas no passado. Para evitar esse ciclo de crescimento e recessão, é crucial investir em infraestrutura, tecnologia e capacidade produtiva. No entanto, tanto o governo quanto o setor privado enfrentam desafios, incluindo incertezas políticas e falta de confiança dos investidores.
Além disso, as recentes decisões do governo, como a intervenção na Petrobras e a inconsistência nas metas fiscais, contribuíram para aumentar a desconfiança dos investidores e afetar os custos de financiamento do governo. Enquanto isso, os investimentos, embora tenham apresentado uma recuperação no primeiro trimestre de 2024, ainda estão abaixo do ideal para sustentar um crescimento econômico saudável. Enquanto o consumo e os estímulos governamentais impulsionam a economia no curto prazo, é crucial focar em investimentos a longo prazo e melhorar a produtividade para garantir um crescimento sustentável no futuro.