O presidente Lula da Silva está determinado a forçar a Petrobras a se alinhar com os projetos que ele considera cruciais para seu governo, mesmo que esses projetos não estejam alinhados com os interesses da empresa. Como resultado, os R$ 34 bilhões em desvalorização de mercado imediatamente após a demissão sumária de Jean Paul Prates da presidência da estatal, são apenas uma pequena amostra do que a Petrobras poderá perder ao se tornar, mais uma vez, alvo da agenda política do lulopetismo.
É comum que haja uma queda no valor das ações após anúncios de mudanças, especialmente no jogo especulativo do mercado. Dada a magnitude da Petrobras, essa cifra não chega a ser alarmante a curto prazo. No entanto, as preocupações residem no futuro, tanto a médio quanto a longo prazo. As movimentações do governo indicam que a intenção de Lula em seu terceiro mandato, é reviver políticas que resultaram em perdas não apenas de dezenas, mas de centenas de bilhões de reais, a maioria delas irreparável.
O problema é a dimensão do rombo que se abrirá na Petrobras, sem trazer as supostas compensações sociais prometidas pelas administrações petistas de Lula e Dilma Rousseff. Na verdade, foi um cenário de perdas para todos os envolvidos, onde os maiores prejudicados pela gestão negligente da empresa, além dela própria, foram o país e os contribuintes. Essa trajetória começou já no primeiro mandato de Lula, quando ele vislumbrou no pré-sal uma oportunidade única e iniciou uma jornada tão ambiciosa quanto irracional.
O mais preocupante é que, apesar do fracasso evidente de suas iniciativas, Lula continua obcecado. Isso é evidente na significativa elevação do volume de investimentos previstos pela Petrobras já em seu primeiro ano de retorno ao poder. No final de 2023, a empresa anunciou um plano de investimento de US$ 102 bilhões para o período de 2024 a 2028, um aumento de mais de 30% em relação ao planejamento anterior, promovido pelo então presidente Prates na tentativa de agradar ao chefe e manter-se no cargo.
Desde 2015, a Petrobras vinha optando por ciclos de investimento abaixo da marca dos US$ 100 bilhões. Em seu período mais frenético, entre 2010 e 2014, o volume ultrapassou os US$ 220 bilhões, o que chamou a atenção do Tribunal de Contas da União (TCU), que identificou um desequilíbrio entre investimentos, endividamento e política de preços de combustíveis – responsável pela receita – como “sinais claros de ameaça à sustentabilidade da empresa”.
Agora, Lula deseja que a Petrobras acelere novamente seus investimentos, visando inaugurar grandes obras o mais rápido possível, em meio à sua contínua campanha eleitoral. Isso inclui projetos como a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e o Comperj, no Rio de Janeiro, que se tornaram símbolos de desperdício e corrupção. O custo estimado da refinaria era de US$ 2 bilhões, mas acabou consumindo US$ 19 bilhões e permaneceu incompleta. O complexo petroquímico não alcançou nem um quarto do previsto e consumiu outros US$ 8 bilhões, segundo o TCU.
As perdas da Petrobras devido a políticas irrealistas e investimentos fracassados desde 2003, início do governo petista, são estimadas em mais de R$ 300 bilhões. A manutenção dos preços dos combustíveis a níveis artificialmente baixos – uma política populista cara ao PT, que atingiu seu auge durante o governo de Dilma – resultou em uma perda de receita de cerca de R$ 180 bilhões. Entre 2005 e o final de 2011, os preços do diesel e da gasolina permaneceram praticamente os mesmos, apesar do aumento dos preços internacionais e da necessidade de financiar os ambiciosos planos de negócios da empresa.
Nunca antes na história da Petrobras houve uma disparidade tão grande entre receitas e despesas. O objetivo da empresa, além de fornecer combustíveis para o mercado interno, é buscar lucro e distribuir dividendos aos acionistas. A responsabilidade de atender a objetivos macroeconômicos e sociais não é da Petrobras, ao contrário do que Magda Chambriard, indicada por Lula para assumir a empresa, defende.