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domingo, 14 dezembro, 2025
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Novo IOF eleva em até 39% o custo do capital de giro e ameaça varejo, alertam empresários

Por Alexandre Gomes

O recente aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) promovido pelo governo Lula tem gerado forte reação do setor varejista, que alerta para impactos significativos no custo do capital de giro das empresas. De acordo com o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), a elevação pode levar a um aumento de até 39% no custo dessas operações, prejudicando diretamente a atividade econômica, a estabilidade de preços e o emprego.

Em ofício encaminhado ao Congresso Nacional nesta quinta-feira, 29, o IDV — que representa 72 grandes empresas do varejo brasileiro — pediu apoio parlamentar para barrar a medida, que é vista como um retrocesso em um momento de recuperação econômica ainda frágil. O documento enfatiza que a nova tributação imposta pelo Executivo impacta especialmente operações essenciais para a manutenção de caixa das empresas, como o risco sacado e o forfait, ambas ferramentas amplamente utilizadas para antecipar recebíveis e garantir a liquidez do setor.

Até então, essas operações contavam com isenção ou alíquota reduzida. Com a mudança promovida pelo governo, podem passar a ser tributadas em até 3,95%, somando-se a uma já elevada taxa básica de juros (Selic). Segundo os cálculos do IDV, o custo total dessas operações pode se aproximar de 19% ao ano, um patamar considerado insustentável por muitos empresários.

Medida contradiz discurso de apoio a pequenos negócios

O aumento do IOF contradiz o discurso do governo Lula de apoio às pequenas e médias empresas, que são justamente as mais dependentes dessas ferramentas financeiras para manterem suas operações. Para o setor varejista, a medida poderá provocar um “efeito cascata” sobre os preços ao consumidor, contribuindo para o aumento da inflação e ameaçando a retomada do crescimento econômico.

“Assim, serão afetados tanto quem vende ao consumidor final quanto quem fornece ao varejo”, diz a nota do IDV, destacando que a medida afeta toda a cadeia produtiva — da indústria ao ponto de venda.

Empresas de peso como Americanas, Carrefour, Magazine Luiza, Grupo Pão de Açúcar, Riachuelo, Renner, Leroy Merlin, Boticário, McDonald’s e Livraria Cultura fazem parte do IDV e estão entre as mais afetadas pela nova cobrança.

Críticas ao governo

A crítica central dos empresários é que o aumento do IOF representa uma tentativa do governo de elevar arrecadação de forma silenciosa e tecnicamente regressiva, penalizando quem gera empregos e movimenta a economia real. A falta de diálogo prévio com o setor privado e a ausência de medidas compensatórias para mitigar os efeitos negativos reforçam a percepção de que o governo Lula tem adotado posturas contraditórias ao prometido em campanha: incentivo à produção, à competitividade e à geração de emprego.

Especialistas em economia também alertam que a elevação do IOF, em vez de contribuir com o ajuste fiscal, pode ter efeito contrário ao desestimular investimentos, reduzir o ritmo de crescimento e pressionar a inflação, justamente em um momento em que o Banco Central ainda mantém juros elevados para conter os preços.

Congresso é pressionado

Diante da repercussão negativa, o IDV reforçou o pedido de mobilização no Congresso para tentar reverter a nova tributação. A entidade busca sensibilizar parlamentares para os efeitos econômicos e sociais da medida, principalmente sobre os setores que mais empregam no Brasil.

Caso o Congresso não reaja, o varejo brasileiro pode enfrentar um segundo semestre com ainda mais pressão nos custos, preços mais altos para o consumidor e riscos reais de fechamento de postos de trabalho — um cenário que contraria todas as promessas de retomada econômica sustentada feitas pelo governo federal.

A pergunta que fica é: quem paga a conta? Pelo visto, mais uma vez, será o consumidor e o pequeno empresário.

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