Daron Acemoglu, renomado economista turco e coautor do best-seller Por que as Nações Fracassam, recentemente agraciado com o Prêmio Nobel de Economia, expressou sua decepção com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista à Veja, Acemoglu criticou a postura do Brasil nos Brics, alertando para o crescente domínio da China sobre o bloco.
Acemoglu, que anteriormente apoiava Lula pelos avanços sociais de seus primeiros mandatos, mencionou o Bolsa Família e os investimentos em educação como exemplos positivos. Contudo, ele destacou que o Brasil precisa ir além dos programas sociais e focar na criação de empregos e oportunidades para combater o excesso de poder das grandes corporações e da tecnologia no mercado de trabalho.
Influência da China nos Brics
O economista mostrou especial preocupação com o papel da China no Brics, considerando a subserviência dos demais membros do bloco ao país asiático. “É evidente que estamos trilhando um caminho que coloca o Brics sob a influência da China, enquanto o mundo em desenvolvimento necessita de uma voz independente”, afirmou Acemoglu. Segundo ele, o Brasil deveria assumir uma posição mais crítica e independente, em vez de permitir que o bloco se torne “meros clientes” dos interesses chineses e russos.
Desafios para o Brasil e o futuro global
Acemoglu defende que países emergentes, como Brasil, Índia, Indonésia e Turquia, devem exercer uma liderança global mais assertiva, principalmente nas áreas de tecnologia e comércio. Segundo ele, o mundo precisa superar a atual bipolaridade entre EUA e China, e o Brics poderia ter um papel crucial nesse processo. No entanto, para isso, é necessário que o bloco adote uma postura menos dependente dos interesses de seus membros mais influentes.
A crítica de Acemoglu reflete uma crescente insatisfação com a política externa do governo Lula, que, aos olhos de muitos analistas, tem adotado uma postura de alinhamento com a China em detrimento de uma atuação mais independente e proativa. A expectativa de economistas como Acemoglu é que o Brasil se posicione como uma voz de liderança para os países em desenvolvimento, algo que, segundo ele, não está ocorrendo.
Acemoglu, que outrora via Lula como um exemplo de liderança social e econômica, agora o critica fortemente pela condução dos Brics e pela falta de uma agenda clara de desenvolvimento que priorize a independência do bloco. Para o Nobel de Economia, é fundamental que o Brasil adote uma postura mais firme e independente, tanto em relação à China quanto aos desafios globais, para que o país possa realmente exercer um papel relevante no cenário internacional.