Em sua última reunião, realizada nesta quarta-feira (20), o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) optou por uma mudança de três palavras em seu comunicado, o que pode indicar uma alteração significativa na estratégia de combate à inflação.
Nos comunicados anteriores, os membros do comitê vinham indicando a possibilidade de “redução de mesma magnitude nas próximas reuniões”, sugerindo novos cortes de 0,5 ponto percentual na taxa Selic. Contudo, desta vez, optaram por sinalizar tal redução “na próxima reunião”, substituindo o plural pelo singular. Isso sugere uma necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária, diante de um cenário de elevada incerteza.
O documento ressalta que, embora o cenário-base não tenha se alterado substancialmente, a estratégia de combate à inflação deve ser revista, dada a incerteza prevalecente.
Esta mudança pode indicar o fim iminente do ciclo de reduções de meio ponto percentual na Selic a cada reunião, adotado desde agosto. Paulo Gala, economista-chefe do banco Master, interpreta isso como um pedido do Copom por mais tempo para reavaliar a situação.
Preocupações com a atividade econômica e a inflação também foram destacadas. A XP Investimentos alerta para riscos altistas da inflação, influenciados pelas taxas de juros globais, enquanto Rafael Cardoso, economista-chefe do Daycoval Asset, destaca que a inflação subjacente está acima da meta, influenciada por políticas fiscais expansivas e aumento dos salários reais.
O Itaú também reconhece as incertezas crescentes, ressaltando a importância da ata da reunião para entender as razões por trás da decisão do Copom.
Nenad Dinic, estrategista de ações do banco suíço Julius Baer, e André Valério, economista do banco Inter, também apontam para preocupações fiscais e a importância da execução da meta fiscal na ancoragem das expectativas de inflação.
Em relação aos próximos passos do Copom, o mercado sugere duas alternativas: reduzir o ritmo de cortes para 0,25 ponto percentual nas próximas reuniões ou fazer uma pausa temporária para uma avaliação mais aprofundada da situação. A B.Side Investimentos destaca que a sinalização de um único corte de meio ponto percentual não exclui a possibilidade de futuras alterações, mas indica uma cautela maior por parte do Banco Central diante do cenário atual.