A reunião de cúpula do Mercosul, marcada para segunda-feira (8) em Assunção, no Paraguai, será o pontapé inicial para formalizar um acordo de livre comércio entre o bloco sul-americano e os Emirados Árabes Unidos. O termo de referência para este acordo comercial foi concluído durante a primeira rodada de negociações entre as partes, realizada de 2 a 4 deste mês na capital paraguaia. A secretária de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), Tatiana Prazeres, confirmou à CNN que “o documento define o escopo, o conteúdo, e dá os contornos do que poderia ser esse novo acordo comercial envolvendo o Mercosul”.
Na prática, o termo de referência estabelece as condições para bens, serviços, barreiras técnicas e fitossanitárias que farão parte das negociações, representando o primeiro passo efetivo para as tratativas. O diálogo técnico sobre o conteúdo específico do acordo já começou durante o encontro em Assunção.
Em 2023, a Secretaria de Comércio Exterior realizou uma consulta pública para avaliar interesses “ofensivos e defensivos” do setor privado junto aos Emirados Árabes, sondando a percepção sobre produtos que poderiam avançar na pauta de exportação e aqueles que geravam preocupações nas importações. Os resultados dessa consulta guiarão as prioridades e cuidados do Brasil durante as negociações, indicando que o país pode expandir nos setores de carnes, açúcar, celulose e manufaturados, enquanto há preocupações com o setor petroquímico dos Emirados Árabes.
As exportações brasileiras para os Emirados Árabes aumentaram significativamente em 2024, refletindo um crescimento notável no comércio bilateral. A corrente de comércio entre os dois países movimentou US$ 3,1 bilhões apenas no primeiro semestre deste ano, aproximando-se do total de US$ 4,3 bilhões registrado em 2023.
A secretária Tatiana Prazeres ressaltou que não é possível estimar um prazo para o fechamento do acordo, citando exemplos anteriores de negociações como os acordos com Singapura e a União Europeia, que demandaram períodos longos para conclusão. Apesar dos desafios, o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) mantém o otimismo em avançar nas negociações existentes e explorar novas frentes, como o acordo com os Emirados Árabes, como parte da estratégia para ampliar a rede de acordos do Mercosul.
