A dívida pública brasileira, que já ultrapassa R$ 9 trilhões (76,2% do PIB, segundo o Banco Central em fevereiro), deve superar R$ 10 trilhões até o fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026, conforme previsões do mercado. O crescimento desenfreado, agravado pelo aumento das alíquotas de impostos e tributos pelo governo Lula e pela falta de controle sobre os gastos públicos, compromete a confiança dos investidores e eleva a carga tributária sem resolver o desequilíbrio fiscal. Cerca de 95% do endividamento é responsabilidade do governo federal.
O arcabouço fiscal, criado para limitar despesas, perdeu relevância entre analistas por dois fatores: suas metas não estabilizam a dívida diante dos altos juros, e flexibilizações nas regras impedem o zeramento do déficit primário — economia essencial para pagar a dívida. A ausência de controle efetivo sobre os gastos públicos agrava o cenário, com o governo incapaz de conter despesas crescentes. Economistas estimam que o setor público precisará financiar 9% do PIB em 2025, índice superado apenas pela Bolívia, segundo o BTG Pactual.
A renovação da dívida a custos elevados alimenta preocupações. “Uma dívida alta e cara, sem controle de gastos, leva a uma trajetória de insustentabilidade fiscal. Sem ajustes, o ‘calote branco’ virá via inflação”, alerta Gabriel Leal de Barros, da ARX Investimentos. Jeferson Bittencourt, ex-secretário do Tesouro, aponta que a lenta melhora do resultado primário, aliada à desancoragem das expectativas de inflação e à falta de disciplina fiscal, mantém os juros elevados, encarecendo a dívida.
O Ministério da Fazenda defende que os juros cairão no médio prazo, estabilizando a dívida, e nega riscos à solvência, destacando a reserva de liquidez de R$ 860 bilhões do Tesouro em 2024. Apesar da demanda por títulos públicos, analistas descartam calote, mas alertam para impactos na inflação e no crescimento econômico devido à má gestão dos gastos.
Pedro Schneider, do Itaú Unibanco, estima que o Brasil precisa de um superávit primário de 2% do PIB para conter a dívida, mas a falta de controle fiscal mantém o déficit longe de zero. “Não caminhamos para insolvência, mas para um equilíbrio macroeconômico pior, com juros altos e inflação, prejudicando o crescimento”, avalia. O aumento da carga tributária, sem freio nos gastos, intensifica o desafio, exigindo medidas urgentes para restaurar a sustentabilidade das contas públicas.