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quinta-feira, 31 outubro, 2024
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Lula escolhe diretores, mas BC mantém juros altos: Traição ou realidade econômica?

Por Marina B.

Os quatro diretores do Banco Central indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) votaram alinhados com o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, para manter a taxa básica de juros em 10,5% ao ano. Essa foi a segunda decisão consecutiva unânime do Comitê de Política Monetária (Copom).

Os indicados de Lula são Gabriel Galípolo (diretor de Política Monetária, favorito para suceder Campos Neto em 2025), Paulo Picchetti (Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos), Ailton Aquino (Fiscalização) e Rodrigo Teixeira (Administração).

Apesar das críticas de Lula à política de juros de Campos Neto, nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), até mesmo os nomeados por Lula entendem que a inflação atual impede uma redução dos juros neste momento.

O comunicado do Copom após a decisão desta quarta-feira (31/7) sugere que os juros permanecerão elevados por um longo período. “A política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente para consolidar o processo de desinflação e ancorar as expectativas em torno da meta”, afirma o documento.

O Banco Central destaca que o cenário global incerto e a resiliência da atividade econômica doméstica exigem acompanhamento diligente e maior cautela. A expressão “ainda maior cautela” no texto atual indica um nível de vigilância maior do que o comunicado anterior, em junho, que falava apenas em “maior cautela”.

Preocupação com o Dólar

Uma das principais preocupações do Banco Central é a desvalorização do real frente ao dólar, uma das maiores entre as economias emergentes. Dois fatores contribuíram para isso: a indefinição da política monetária dos EUA e as declarações de Lula contra a atuação de Campos Neto e contra cortes de gastos e ajustes fiscais.

O mercado avalia que o Fed, que manteve a taxa básica de juros entre 5,25% e 5,5% ao ano pela oitava vez consecutiva, adotou uma postura mais suave em seu comunicado, permanecendo atento aos riscos de inflação e ao mercado de trabalho resiliente.

No Brasil, as pressões continuam. O dólar, que fechou o ano passado cotado a R$ 4,841, estava sendo negociado a R$ 5,652 nesta quinta-feira (1.°), e as projeções para o câmbio no final de 2024 subiram de R$ 5 para R$ 5,30, segundo o boletim Focus do BC.

“A inflação desancora, o risco fiscal aumenta e a depreciação cambial persiste”, afirma Ricardo Martins, economista-chefe da Planner Investimentos. Carlos Lopes, do banco BV, alerta que deteriorações no câmbio e nas expectativas de inflação podem levar o Copom a aumentar os juros novamente.

Especialistas do Rabobank acreditam que o Copom manterá a Selic em 10,5% até o final do ano e retomará a redução em 2025, condicionada a melhorias no cenário externo e financeiro global.

Declarações de Lula e Instabilidade Econômica

As declarações de Lula contra a necessidade de um ajuste fiscal e a política monetária de Campos Neto têm causado instabilidade. O dólar chegou a R$ 5,70 há um mês. Após uma reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Lula reduziu as críticas, mas continua atacando Campos Neto. Recentemente, Lula questionou o “respeito” de Campos Neto pela população após uma declaração sobre a valorização do salário mínimo.

Questão Fiscal

A questão fiscal continua sendo uma preocupação para o Banco Central. A dívida bruta do governo geral atingiu 77,8% do PIB em junho, e o déficit primário foi de 2,44% do PIB. O Copom monitora como a política fiscal impacta a política monetária e os investimentos financeiros, destacando que uma política fiscal crível contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e a redução dos prêmios de risco dos investimentos financeiros.

Raphael Vieira, co-head de investimentos da Arton Advisors, avalia que o cenário é desafiador para o BC, com preocupações sobre as expectativas de inflação e a depreciação cambial devido à desconfiança dos agentes econômicos sobre a política fiscal.

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