O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado uma prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,13% em setembro, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A variação veio abaixo das expectativas do mercado, que projetava um avanço de 0,30%, e representou uma desaceleração frente ao aumento de 0,19% registrado em agosto.
Em 12 meses, o índice acumulou alta de 4,12%, também inferior aos 4,35% registrados em agosto. Esse resultado mantém a inflação mais distante do teto da meta do Banco Central para 2024, que é de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Os dados mostram que o grupo Habitação foi o principal responsável pela alta do índice, com aumento de 0,50%, impulsionado pela elevação de 0,84% no custo da energia elétrica residencial, devido à ativação da bandeira tarifária vermelha em setembro. Em contrapartida, o grupo Transportes apresentou queda de 0,08%, refletindo a redução nos preços dos combustíveis, especialmente da gasolina (-0,66%) e do etanol.
Outro setor que contribuiu para a desaceleração do índice foi o de Despesas Pessoais, que caiu 0,04% em setembro, após alta de 0,43% em agosto. No grupo Alimentação e Bebidas, os preços voltaram a subir levemente (0,05%), após dois meses de queda. Embora produtos como cebola (-21,88%), batata-inglesa (-13,45%) e tomate (-10,70%) tenham registrado deflação, alimentos como o mamão (30,02%), a banana-prata (7,29%) e o café moído (3,32%) apresentaram aumento.
A desaceleração do IPCA-15 em setembro pode trazer algum alívio para o Banco Central, que recentemente demonstrou preocupação com o cenário inflacionário ao aumentar a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano. A decisão foi motivada, em parte, pela percepção de riscos inflacionários elevados, em um contexto de possível superaquecimento da economia brasileira.
Ainda assim, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e as declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, expressaram um tom mais pessimista, alertando para a credibilidade dos números fiscais e reforçando a necessidade de monitorar os riscos inflacionários.
Segundo o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, a expectativa do mercado é que o IPCA encerre 2023 com alta acumulada de 4,37%, ligeiramente acima da meta para o ano, mas dentro do intervalo de tolerância. O mesmo relatório projeta que a Selic encerrará o ano em 11,50%, refletindo a cautela das autoridades monetárias em relação ao controle da inflação.
Embora a desaceleração do IPCA-15 em setembro possa indicar um alívio temporário nas pressões inflacionárias, o impacto contínuo da alta dos preços da energia e a volatilidade de setores como alimentos e combustíveis mantêm a atenção do mercado e do Banco Central voltada para as próximas decisões de política monetária.