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quinta-feira, 31 outubro, 2024
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Inflação em alta e confiança em queda: Banco Central emite alerta máximo e Governo não reage

Por Marina B.

O Banco Central adotou uma postura firme ontem, respondendo a um panorama inflacionário que está se deteriorando por múltiplos fatores. Apesar disso, uma elevação da Selic em setembro ainda parece improvável. A estratégia atual é ganhar tempo para ver se o cenário externo melhora e se o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, consegue implementar uma agenda eficaz de cortes de gastos dentro do governo.

Antes da próxima reunião do Copom, a equipe econômica precisa apresentar o Orçamento de 2025, o que será um novo ponto crucial na construção da confiança entre o mercado financeiro e a política fiscal.

Recentemente, o cenário inflacionário se agravou, o que justifica a postura mais contundente do Banco Central. O dólar está mais alto, as expectativas inflacionárias subiram, e os preços, que anteriormente estavam melhores do que o esperado, surpreenderam negativamente.

No exterior, o Fed sinalizou que está próximo de cortar os juros, uma boa notícia para os mercados. No entanto, o Banco Central do Japão aumentou sua taxa de juros, atraindo recursos que normalmente seriam destinados a países emergentes como o Brasil. Como resultado, o real permaneceu praticamente estável, cotado em torno de R$ 5,65.

Um dos dados mais relevantes divulgados pelo IBGE foi a pesquisa Pnad, que revelou um panorama muito positivo para o mercado de trabalho, um indicador importante da saúde econômica.

Apesar das críticas de Lula ao Banco Central e dos altos juros reais, a taxa de desemprego caiu para 6,9% no trimestre encerrado em junho, o menor índice em dez anos. A população ocupada atingiu um recorde, a massa de rendimentos também cresceu, e os salários reais voltaram a subir. Embora isso possa exercer pressão inflacionária sobre o Banco Central, o PT não tem razões para reclamar.

É verdade que o Bolsa Família contribuiu para a redução da taxa de participação no mercado de trabalho, que estava em 62,1% em junho, comparado a 63,7% em junho de 2019, antes da pandemia. Isso sugere que cerca de 1,6 milhão de brasileiros estão optando por não trabalhar ou procurar emprego.

No entanto, como o economista Pedro Nery aponta em seu livro “Extremos – Um mapa para entender as desigualdades no Brasil”, é provável que essas pessoas estejam evitando subempregos ou aproveitando a oportunidade para cuidar de seus filhos. No melhor cenário, elas retornarão ao mercado de trabalho com qualificações superiores, o que poderia aumentar a produtividade.

Mesmo com os desafios, o Banco Central tem desempenhado um papel técnico importante no controle da inflação. Caso seja necessário aumentar os juros no futuro, o país não enfrentará um colapso. O governo federal, por sua vez, precisa acelerar a implementação de cortes de gastos para evitar cenários mais adversos.

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