A produção industrial brasileira cresceu apenas 0,1% em junho, resultado bem abaixo das previsões de analistas, que esperavam uma alta de pelo menos 0,4%. Apesar de tecnicamente positivo, o número revela a fragilidade do setor produtivo diante de um cenário de juros elevados, ambiente regulatório hostil e incertezas econômicas crescentes.
Essa leve alta veio após dois meses consecutivos de queda, indicando que o setor industrial ainda não encontrou tração real para sustentar uma retomada sólida. No acumulado do ano, a oscilação na atividade industrial vem preocupando empresários e especialistas, que apontam a falta de medidas concretas do governo para estimular a produção.
Dentre os setores que apresentaram crescimento, destacaram-se bens de capital, com alta de 1,2%, e bens de consumo duráveis, com avanço de 0,2%. No entanto, o desempenho foi prejudicado por quedas em setores relevantes como alimentos, combustíveis, mineração e produtos intermediários, que seguem em ritmo lento ou negativo.
No comparativo com junho do ano passado, a produção industrial caiu 1,3%, revertendo a alta de 3,3% registrada em maio. O resultado anualizado acende um sinal de alerta sobre a capacidade do país de gerar empregos e competitividade sem uma indústria forte.
Do ponto de vista conservador, os números evidenciam os efeitos nocivos de uma política econômica que privilegia arrecadação em vez de produção. A ausência de reformas estruturais, como a simplificação tributária e a desburocratização, somada à instabilidade política e jurídica, compromete a confiança do investidor e penaliza o setor produtivo nacional.
Enquanto isso, o governo insiste em soluções pontuais e anúncios sem impacto prático, o que contribui para a estagnação industrial e a dependência crescente de setores como serviços e exportação de commodities. Sem uma guinada real na política econômica, a indústria brasileira corre o risco de seguir patinando — e levando com ela o crescimento do país.
