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sexta-feira, 11 outubro, 2024
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Incerteza Selic: Racha no Banco Central desencadeia tempestade econômica

Por Marina B.

A decisão do Banco Central na noite desta quarta-feira (8) de reduzir a taxa Selic de 10,75% para 10,50%, promete aumentar a volatilidade na economia. Não é apenas pela diminuição do ritmo de cortes, de 0,5 para 0,25 ponto percentual, mas principalmente devido à clara divisão entre os nove diretores do banco.

Dois campos distintos emergiram: os cinco indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro optaram pelo corte de 0,25 ponto na Selic, em uma postura mais conservadora, enquanto os quatro diretores apontados por Lula defenderam a manutenção da redução de meio ponto, mas foram vencidos. Embora não tenha sido a intenção do Copom, essa divisão será inevitavelmente interpretada sob uma ótica política.

Os indicados por Lula, com uma postura mais flexível em relação à inflação, ou “dovish”, como é conhecida no mercado financeiro, podem provocar um aumento nas expectativas de inflação, o que tornará mais desafiador o trabalho do Banco Central em controlar os preços.

Em resumo, isso intensificará a incerteza na política monetária, que vinha atuando como um ponto de estabilidade diante do desequilíbrio ainda presente no cenário fiscal.

A maior surpresa entre os votos veio do diretor de Assuntos Internacionais, Paulo Pichetti, indicado por Lula, que anteriormente estava alinhado ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, quando este sugeriu a redução do ritmo de cortes durante um evento em Nova York, em meados de abril.

O mercado interpretou sua mudança de postura como um apoio à alteração, já que ele não se opôs publicamente. Entretanto, nesta quarta-feira, ele votou pela redução de 0,5 ponto ao lado dos diretores Gabriel Galípolo, Ailton de Aquino Santos e Rodrigo Alves Teixeira.

No comunicado que acompanhou a decisão, o Banco Central adotou uma postura mais rígida e não indicou suas próximas ações. Teoricamente, isso sugere que poderá até cessar os cortes na Selic, caso o cenário se deteriore. A desaceleração do ritmo de cortes foi justificada pela deterioração do cenário internacional, com a previsão de juros altos por mais tempo, principalmente nos Estados Unidos. Internamente, a avaliação é de que o mercado de trabalho está mais dinâmico e a inflação de serviços continua “resistente”.

A política fiscal recebeu uma menção ligeiramente diferente dos comunicados anteriores. Embora o governo tenha revisado para baixo as metas de superávit primário para os próximos anos, a mudança de linguagem ocorreu apenas para destacar que “o Comitê acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária”.

Embora ambos os lados do Copom possam justificar tecnicamente seus votos, a divisão com viés político é o que há de mais preocupante para a política de juros do país.

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