O economista Valter Palmieri Júnior, da Strong Business School, revelou em seu estudo que nos últimos anos o preço do arroz e do feijão subiu mais do que o da cerveja e o do cigarro. Essa análise, encomendada pela ACT Promoção de Saúde, destaca mudanças na tributação desses produtos, parte da reforma tributária em debate no Congresso Nacional do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o levantamento, o cigarro teve aumentos significativos até 2016, mas desde então seu preço mínimo regulatório não foi mais ajustado, enquanto alimentos como arroz quase dobraram de preço entre janeiro de 2017 e maio de 2024, contra um avanço menor na cerveja (36,3%) e no cigarro (28,8%).
“Ao aumentarem, arroz e feijão impactam diretamente o poder de compra das famílias de menor renda, que têm dificuldade em substituí-los por alternativas mais baratas no prato”, explicou Palmieri. Em contrapartida, produtos como cerveja e cigarro, apesar da tributação mais alta, não refletem os custos sociais que geram para a saúde pública.
A proposta de reforma tributária do governo inclui arroz e feijão na cesta básica, isentando-os de impostos para os consumidores. Já bebidas alcoólicas e cigarro seriam tributados pelo Imposto Seletivo, conhecido como “imposto do pecado”, visando desonerar alimentos essenciais e aumentar a tributação sobre itens prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.
A Câmara dos Deputados planeja votar o primeiro projeto da regulamentação dessa reforma em julho, antes do recesso parlamentar, enquanto as alíquotas do Imposto Seletivo serão definidas posteriormente. A discrepância nos aumentos de preço entre alimentos e produtos nocivos, como cerveja, reforça a necessidade de políticas que equilibrem incentivos à produção agrícola e à saúde pública no Brasil.
