Um relatório da Instituição Fiscal Independente (IFI), ligado ao Senado Federal, revelou que o governo federal exagerou nas projeções de receitas para o Orçamento de 2025 em R$ 87,4 bilhões. Ao mesmo tempo, as despesas primárias foram subestimadas em R$ 19,2 bilhões. Esses dados levantam sérias preocupações sobre a viabilidade do equilíbrio fiscal proposto pela equipe econômica de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que busca zerar o déficit no próximo ano.
Segundo a IFI, a arrecadação real do governo será menor do que a projetada, o que significa menos dinheiro entrando nos cofres públicos do que o esperado. Paralelamente, os gastos previstos para o ano estão subdimensionados, e o governo pode enfrentar um desafio significativo para ajustar as contas.
Benefícios previdenciários subestimados
Um dos pontos mais críticos apontados no relatório são os gastos com benefícios previdenciários, que, de acordo com a IFI, estão subestimados em R$ 26,9 bilhões. Entre eles, o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante um salário mínimo mensal para idosos e pessoas com deficiência, teria despesas subestimadas em R$ 4,6 bilhões. A previsão do governo de economizar R$ 6,4 bilhões com esse benefício é questionada pela IFI, que antecipa um aumento nos custos.
Déficit fiscal pode ser pior que o esperado
Se as previsões da IFI se confirmarem, o cenário fiscal de 2025 será mais desafiador do que o governo Lula esperava. Assim como em 2024, o governo planeja zerar o déficit no próximo ano, ou seja, as despesas devem se igualar às receitas. No entanto, o descompasso entre as receitas superestimadas e as despesas subestimadas indica que será necessário cortar gastos ou aumentar a arrecadação para alcançar a meta.
A IFI também alertou que, se o governo não adotar medidas adicionais de ajuste fiscal, a meta de resultado primário zero pode não ser cumprida, levando a um resultado fiscal ainda pior do que o previsto para 2024.
Expectativas do mercado são pessimistas
O mercado financeiro já antecipa um cenário de maior déficit fiscal. Segundo a pesquisa Prisma Fiscal, conduzida pela Secretaria de Política Econômica, o déficit primário estimado para 2024 é de R$ 66,67 bilhões, mais do que o dobro da projeção oficial do governo de R$ 28,3 bilhões. Para 2025, a estimativa de rombo fiscal é ainda mais alarmante, chegando a R$ 93,07 bilhões, enquanto o governo continua a apostar na meta de zerar o déficit.
Além disso, a IFI levantou dúvidas sobre a estratégia do governo de buscar o limite inferior da meta fiscal, em vez do centro, sugerindo que a política fiscal atual pode comprometer a sustentabilidade da dívida pública.
Conclusão
A análise da IFI expõe fragilidades nas estimativas orçamentárias do governo Lula para 2025, sugerindo que o cenário real pode ser muito mais desafiador do que o planejado. A superestimação das receitas e a subestimação das despesas colocam em risco a meta de equilíbrio fiscal e trazem incertezas sobre a capacidade do governo de controlar o déficit nos próximos anos.
