Economista critica medidas anunciadas por Haddad, apontando limitações no controle de gastos e ausência de superávit primário
O pacote de corte de gastos anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na quarta-feira (27) foi recebido com críticas pela analista do CNN Money, Solange Srour.
A especialista apontou a falta de ousadia e detalhes nas medidas propostas como principais pontos de decepção.
Segundo Srour, o pacote apresenta limitações significativas no controle efetivo dos gastos públicos. Embora as medidas possam resultar em um crescimento menor das despesas, a analista acredita que não serão suficientes para se adequar ao novo arcabouço fiscal proposto pelo governo.
A economista destacou que mesmo com a limitação do aumento do salário mínimo a 2,5% real, os benefícios sociais e outras despesas vinculadas a esse índice tendem a crescer, ultrapassando o teto estabelecido.
Srour argumentou que falta ousadia no redesenho de políticas públicas não focalizadas, que atualmente apresentam crescimento muito acima do teto.
Outro ponto criticado foi a ausência de medidas efetivas para alcançar superávits primários.
“Essas medidas agora estão tentando trazer as despesas para dentro do teto, que eu não acredito que vai acontecer, mas não estão tentando trazer superávits primários”, afirmou Srour.
Reforma tributária e impacto orçamentário
A colunista também expressou ceticismo quanto à proposta de uma reforma da renda que seria neutra em termos orçamentários.
Srour questionou a viabilidade de implementar uma reforma tão complexa em um curto período, lembrando que a reforma do consumo levou anos para ser debatida no Congresso.
“Como que essa reforma da renda neutra no sentido do orçamento vai acontecer em tão pouco tempo?”, indagou Srour, ressaltando a necessidade de um consenso político para anunciar cortes mais significativos que possibilitem a redução dos juros e o controle da inflação.
A análise de Solange Srour reflete uma preocupação com a eficácia das medidas anunciadas pelo governo, sugerindo que o pacote econômico pode não ser suficiente para enfrentar os desafios fiscais e econômicos do país no médio e longo prazo.