Entrou em vigor nesta sexta-feira a nova mistura da gasolina brasileira, agora com 30% de etanol anidro, medida que também elevou o percentual de biodiesel no diesel de 14% para 15%. A mudança, aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética, visa reduzir a dependência de combustíveis fósseis importados e ampliar a valorização da cadeia produtiva nacional, especialmente do setor sucroenergético.
O governo estima que a nova proporção pode gerar economia na bomba para o consumidor, com uma possível queda de até R$ 0,11 por litro na gasolina. Já o diesel pode ter uma leve alta, estimada em cerca de R$ 0,02, por conta do maior custo do biodiesel. Além do alívio no bolso, o país pode deixar de importar aproximadamente 760 milhões de litros de gasolina ao ano e até se tornar exportador de etanol, com excedente estimado em 565 milhões de litros.
Testes técnicos realizados por entidades do setor automotivo e institutos de pesquisa confirmaram que a nova proporção é segura, especialmente para veículos com tecnologia flex. O rendimento e a performance permanecem dentro dos padrões, e a octanagem da gasolina comum subirá para 94 RON, o que deve melhorar a combustão e eficiência dos motores.
Do ponto de vista conservador, a medida é vista como um acerto técnico: valoriza o agronegócio, fortalece a soberania energética nacional e reduz a vulnerabilidade externa. No entanto, há preocupação com a ausência de reformas estruturais que sustentem esse avanço. Sem redução de impostos, burocracia e entraves logísticos, o impacto positivo pode se perder no médio prazo.
Para o setor produtivo, a mudança é bem-vinda, mas precisa vir acompanhada de segurança jurídica e incentivos reais ao investimento. Caso contrário, corre-se o risco de a medida ser mais um gesto político com pouco reflexo prático, especialmente se não for acompanhada de uma estratégia de longo prazo para o setor de combustíveis e bioenergia.