Uma pesquisa conduzida pela casa de análises Empiricus com 43 gestoras de recursos, revelou uma mudança no otimismo dos gestores de fundos multimercados em relação aos mercados brasileiro e americano em fevereiro, comparado ao mês anterior.
Os resultados mostram que, enquanto boa parte dos gestores diminuiu o otimismo com as ações brasileiras, houve uma melhora no sentimento em relação à bolsa americana. O estudo, realizado nos primeiros dias de fevereiro, ocorreu antes dos dados de inflação nos Estados Unidos durante o Carnaval, que trouxeram pessimismo ao mercado.
No caso das ações brasileiras, apesar da maioria ainda se mostrar otimista, o sentimento piorou pela primeira vez após dois meses de melhora. Por outro lado, em relação à bolsa americana, a maioria dos gestores se mostrou positiva após dois anos de sentimento negativo, e essa tendência de melhora se estendeu pelo quarto mês consecutivo.
Os fundos multimercados têm a liberdade de diversificar as carteiras em diferentes classes de ativos, tanto no Brasil quanto no exterior, o que lhes permite ajustar a exposição à bolsa conforme necessário. Seu desempenho depende da habilidade dos gestores em interpretar o cenário e antecipar movimentos de mercado.
No mercado brasileiro, as apostas no fortalecimento do real em relação ao dólar chamam a atenção, atingindo o maior nível desde o início do estudo. Quanto aos juros nominais e reais, os gestores mantêm um otimismo, embora o sentimento tenha se deteriorado, sugerindo uma possível redução das expectativas de cortes na taxa de juros.
Essa mudança de sentimento em relação aos juros, é atribuída à expectativa de estabilidade no ritmo de redução de 0,50 ponto percentual nos encontros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. No entanto, ainda há divergências sobre o patamar da taxa Selic no final do ano.
Quanto aos Estados Unidos, a pesquisa também questionou os gestores sobre quando o Federal Reserve (Fed) começaria a cortar os juros. A maioria acredita que isso ocorrerá em maio, seguido por junho, com apenas uma pequena parcela prevendo uma redução já em março.
O cenário global visto pelos gestores destaca uma série de preocupações, incluindo a debandada de capital estrangeiro do Brasil, a inflação acima das expectativas no país, e a incerteza sobre a economia chinesa e sua influência sobre os preços das commodities. Em contrapartida, nos Estados Unidos, a economia mostra sinais de pouso suave, enquanto na China, a efetividade dos estímulos governamentais é questionada diante da deterioração do setor imobiliário. Enquanto isso, na Europa e no Oriente Médio, conflitos continuam sem perspectiva de resolução.