No mês passado, o Brasil registrou a maior saída mensal de dólares da história, com um fluxo cambial negativo de US$ 26,41 bilhões, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (8) pelo Banco Central (BC). Esse resultado foi impulsionado pela saída de US$ 28,861 bilhões via conta financeira, parcialmente compensada pela entrada de US$ 2,45 bilhões na conta comercial.
A marca superou o recorde anterior de setembro de 1998, quando, em meio à crise financeira da Rússia, US$ 18,919 bilhões deixaram o país. A série histórica do BC, que começou em 1982, nunca havia registrado uma saída tão expressiva em um único mês.
Em 2024, o fluxo cambial acumulado fechou com saldo negativo de US$ 18,014 bilhões, a terceira maior fuga de dólares desde o início da série. Esse resultado só é superado por 2019, com uma saída líquida de US$ 44,768 bilhões, e por 2020, ano inicial da pandemia de covid-19, quando o fluxo ficou negativo em US$ 27,923 bilhões.
Durante o ano, a conta financeira registrou saída de US$ 87,214 bilhões, enquanto a conta comercial contabilizou entrada de US$ 69,2 bilhões, ambos valores recordes na série histórica. A conta comercial tradicionalmente apresenta saldo positivo devido ao superávit da balança comercial.
Na última semana analisada, de 30 de dezembro a 3 de janeiro, o fluxo cambial também foi negativo em US$ 5,602 bilhões, com saída de US$ 6,353 bilhões via conta financeira e entrada de US$ 752 milhões via conta comercial.
O fluxo cambial, uma prévia do balanço de pagamentos do BC, reflete as transações entre residentes e não residentes. Ele é composto pelo fluxo comercial, que mede operações de câmbio para exportações e importações, e pelo fluxo financeiro, que abrange investimentos, empréstimos e transações no mercado financeiro. Os dados mostram que, em 2024, a fuga de dólares ocorreu principalmente pelo canal financeiro.
