Expectativa já existia por aumento de preços nos EUA e movimentações no Capitólio
As falas “amistosas” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, direcionadas ao presidente Lula na Assembleia Geral da ONU, aumentaram a expectativa no setor de café de que as tarifas para o item sejam zeradas pela Casa Branca, segundo apuração da CNN.
O café ficou no “anexo V” da ordem executiva da Casa Branca, que menciona possibilidade de isenção em caso de acordo comercial firmado. Segundo um representante que conversou com a CNN sob reserva, a sinalização de que há espaço para o diálogo joga a favor de um hipotético trato.
Expectativa a parte, executivos do setor evitam cravar projeções e indicam que a situação segue “imprevisível” até que Lula e Trump se encontrem de fato.
Por “lógica econômica”, essa expectativa já existia no setor, relata um executivo. Circulam no segmento documentos com dados do US Bureau of Labor Statistics sobre a explosão do preço do café no varejo nos Estados Unidos: neste ano a alta gira em torno de 30%.
Existe ainda a avaliação de que teve eco na Casa Branca a movimentação do deputado republicano do Nebraska Don Bacon no Capitólio. Junto da democrata da Califórnia Ro Khanna, o parlamentar apresentou na última semana um projeto de lei para excluir o café do tarifaço imposto por Trump.
A possibilidade de que haja “novidades” sobre a situação do café ganha força com as sinalizações de Trump. O republicano afirmou na Assembleia Geral que ele e Lula tiveram uma “química excelente”.
O mandatário dos EUA destacou ainda que abraçou o brasileiro nos bastidores e que eles se encontram na próxima semana.
Segundo apuração da CNN, existe o sentimento entre os empresários que viajaram aos Estados Unidos recentemente para reforçar as negociações entre os países de que a missão contribuiu para “sensibilizar” a Casa Branca. Agora a expectativa é de que o diálogo avance com o encontro de mandatários.
Situação do café
O Brasil é o principal fornecedor de café aos Estados Unidos, sendo responsável por cerca de 35% (mais de um terço) dos grãos que o país norte-americano compra do exterior. Mesmo assim, o presidente republicano não aliviou a tarifa para o item, que ficou também fixada em 50%.
Num país onde 76% das pessoas consomem café, as taxas impactam empresas e consumidores.
Até por isso, uma das apostas do setor é de que a Casa Branca vá zerar a tarifa de importação do item não só para o Brasil, mas para uma série de países — possibilidade já sinalizada por quadros do governo Trump.
