O Rio Grande do Sul enfrenta uma crise sem precedentes no agronegócio devido às recentes enchentes, com perdas estimadas em cerca de R$ 3 bilhões, segundo dados divulgados pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul) nesta segunda-feira (27). A normalização completa pode demandar até uma década, conforme projeções da entidade.
O levantamento realizado pelo projeto S.O.S Agro RS, em colaboração com a Farsul, abrangeu 2.025 produtores, revelando que 347 deles relataram prejuízos que totalizam mais de R$ 467,6 milhões. A média de prejuízo por ocorrência é de R$ 1,4 milhão. No entanto, a pesquisa ainda não alcançou todos os produtores afetados, especialmente aqueles sem acesso à produção para fazer estimativas precisas.
Entre os produtores afetados que responderam à pesquisa, 73% são pequenos agricultores, sendo que a maioria participa do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). Gedeão Pereira, presidente da Farsul, ressaltou a fragilidade prévia do agronegócio devido às secas anteriores e pediu medidas excepcionais do governo federal para lidar com a situação.
A expectativa é que a visita do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ao estado, agendada para esta terça-feira (28), traga anúncios de apoio para o setor agropecuário. A Farsul está demandando uma nova linha de crédito com prazo de 15 anos, dois anos de carência e amortização de 3% para ajudar os produtores a quitar suas dívidas que vencem este ano, visto que a maioria precisará de crédito para restabelecer suas operações.
No curto prazo, cerca de 60,4% dos produtores estão preocupados com a viabilidade de seus negócios nos próximos dois meses, enquanto 19% preveem uma redução significativa no desempenho. Graziele de Camargo, líder do S.O.S Agro RS, estima que a recuperação completa do setor demandará pelo menos 10 anos, considerando as perdas em colheita, maquinário, infraestrutura e solo danificado.
