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segunda-feira, 13 outubro, 2025
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Economistas alertam para risco fiscal em 2027 com pacote de estímulos do governo Lula

Por Alexandre Gomes

Expansão de gastos e medidas populares aumentam dívida e dificultam o cumprimento do arcabouço fiscal nos próximos anos

As medidas aprovadas pelo Congresso para beneficiar a campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão criando uma bomba-relógio fiscal que pode explodir em 2027, depois do pleito. A ampliação de programas sociais, mudanças tributárias e novos benefícios à população de baixa e média renda são medidas populares do governo Lula, mas elevam o risco de desequilíbrio nas contas públicas.

A avaliação é de especialistas consultados pelo jornal Gazeta do Povo. De acordo com o veículo, economistas do FGV Ibre e da Mapfre Investimentos afirmam que o atual pacote de estímulos, voltado à eleição de 2026, deixará o país em situação fiscal insustentável.

Projeções do Banco Central

A dívida pública deve alcançar 84% do Produto Interno Bruto (PIB) até o fim de 2026, segundo projeções do Banco Central (BC). Além disso, mais de 90% do Orçamento federal está comprometido com despesas obrigatórias.

Juros altos e inflação persistente refletem a rigidez dos gastos e o aumento rápido da dívida. Ainda segundo o BC, o endividamento passou de 71,7% do PIB em dezembro de 2022 para 77,5% em julho de 2025.

Além disso, mais de 90% das despesas primárias da União, que excluem o pagamento de juros, são obrigatórias e crescem automaticamente, atreladas ao salário mínimo ou a fatores demográficos. Essa estrutura limita o controle do gasto público sem mudanças constitucionais profundas.

Aumento de gastos do governo Lula

O aumento dos gastos deve gerar tensão com a política monetária. O pesquisador Samuel Pessôa, do FGV Ibre, estimou crescimento real de 3% nas despesas públicas em 2026, ano da eleição. “É como dirigir um carro com um motorista no acelerador e outro no freio”, disse à Gazeta do Povo.

Enquanto o governo adota uma política fiscal expansionista, o BC mantém juros altos para conter a inflação. O Brasil tem hoje a segunda maior taxa real de juros do mundo: 9,5% ao ano. Fica atrás apenas da Turquia, com 12,3%, segundo a consultoria MoneYou.

A coordenadora do Boletim Macro, do FGV Ibre, Silvia Matos, afirma que a economia pode ficar “artificialmente aquecida” no início de 2026. O efeito será ampliado pelo pacote de medidas conhecido como “kit reeleição”, que inclui o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda e a expansão do Bolsa Família, somando R$ 251,9 bilhões em estímulos.

Ajuste inevitável em 2027

A Mapfre Investimentos projeta que não haverá avanço em reformas estruturais antes da eleição. Para seus economistas, “a economia brasileira apresenta uma das piores combinações entre nível de endividamento e crescimento do PIB”. A instituição alerta para o fato de que a redução de despesas discricionárias, como investimentos em infraestrutura, será o único espaço para cumprir metas fiscais.

Segundo Pessôa, “juros elevados já encurtaram o horizonte temporal da economia”. Para ele, com o investimento produtivo inviável e o consumo sustentado por gasto público, o ajuste se tornará inevitável.

Com mais de 90% dos gastos engessados e a dívida próxima de 84% do PIB, especialistas afirmam que o corte de despesas em 2027 deixará de ser uma escolha política e se tornará uma necessidade matemática. O próximo presidente terá de optar entre cortes profundos em programas sociais e mudanças nas regras fiscais, sob o risco de abalar a confiança e reacender a inflação.

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