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sexta-feira, 22 agosto, 2025
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Economista alerta para risco de colapso da máquina pública

Por Alexandre Gomes

De acordo com Felipe Salto, sem cortes nos gastos públicos, pacote fiscal anunciado pelo governo Lula será insuficiente para conter crise

A intensificação do debate sobre medidas para conter a crise fiscal ganhou força depois do anúncio do pacote de ações pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva, na noite do domingo 8. O economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, alerta para o risco iminente de um colapso da máquina pública já em 2026, caso as mudanças anunciadas não avancem.

Para Salto, a revisão dos benefícios tributários representa um avanço importante, mas a ausência de cortes nas despesas públicas ainda compromete a solução do problema.

Em entrevista ao Estadão, Salto afirmou que o Congresso Nacional é peça-chave e precisa assumir sua responsabilidade nas decisões fiscais.

“Ou se faz alguma coisa, ou o país vai parar”, afirma Salto. “Essa é a verdade.”

Para ele, não aprovar as medidas exigirá alterar a meta fiscal, o que pode agravar a confusão e pressionar ainda mais os juros, elevando custos sociais.

Economista avalia pacote anunciado pelo governo Lula

Em relação ao pacote anunciado, Salto destaca que há evolução em comparação à proposta inicial de elevação do IOF, já que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atua quase isoladamente pela consolidação fiscal.

No entanto, ressalta que o Congresso não colaborou com cortes e manteve intactos os gastos com emendas parlamentares.

Sobre a arrecadação, Salto indica incertezas quanto ao potencial de receitas das novas tributações, como as apostas, e observa que parte das medidas só terá efeito em 2026 devido à anterioridade tributária.

A revisão dos gastos tributários, avaliada em cerca de R$ 250 bilhões, foi classificada como a principal medida, com potencial de corte de 10% a R$ 25 bilhões ou R$ 26 bilhões.

O governo anunciou aumento da alíquota do JCP de 15% para 20% e outras medidas para elevar a arrecadação, mas, segundo o economista, elas não resolvem o desequilíbrio fiscal, já que não há corte de despesas. Este seria o ponto mais fraco do pacote.

No curto prazo, o impacto será limitado. A maioria das ações só trará efeito em 2026, como o aumento da CSLL, travado pela noventena. Em 2025, o governo seguirá dependendo do IOF, sem mudanças significativas na alíquota.

Mesmo com as novas medidas, será preciso contingenciar R$ 46,8 bilhões no próximo ano, o que pode comprometer o funcionamento básico do Estado. Salto afirma que as medidas têm efeito duradouro, mas são insuficientes sem controle de gastos, dado o já alto nível de carga tributária.

Controle de despesas é necessário para evitar colapso

Setores como agro, cripto, imobiliário e fintechs reagiram negativamente à tributação, o que já era esperado.

A fala do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que nega compromisso com o pacote, surpreendeu o economista, que cita o desejo do Congresso de manter R$ 52 bilhões em emendas e benefícios para setores específicos, como a Zona Franca. Para ele, sem engajamento do Legislativo, o risco de colapso fiscal aumenta.

Salto defende a aprovação das medidas, mesmo que imperfeitas, como passo mínimo para evitar piora da crise. Lembra que tentativas anteriores de cortar renúncias fiscais travaram por falta de apoio político.

O impacto fiscal pode chegar a R$ 44,2 bilhões em 2026, sendo R$ 30 bilhões para a União. Ele projeta crescimento de 2,3% em 2025 e 2% em 2026, abaixo dos anos anteriores, e reforça que o controle das despesas é essencial para o ajuste.

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