Sócio do BTG Pactual sugere aperto da política fiscal para que o BC possa reduzir taxa Selic
Ao contrário da percepção popular, o juro alto não beneficia bancos. A frase é de um dos maiores banqueiros do Brasil: André Esteves, sócio controlador do BTG Pactual. Neste sábado, ele reclamou do patamar dos juros no Brasil.
“É muito juro. Existe uma falsa impressão de que os bancos ganham com juro alto, mas não”, disse durante painel na Brazil Conference, evento anual organizado por alunos da Universidade de Harvard e do MIT.
“Aumenta a inadimplência, não temos novos IPOs, cai a atividade econômica, há retração de investimentos. Não é bom. Para nós, é um falso dilema. Preferia ter juros menores”, completou.
A receita de Esteves para a redução dos juros passa por um ajuste das contas públicas. “Hoje, a gente tem uma política que está não está muito bem coordenada entre fiscal e monetário. O monetário está muito apertado e o fiscal, muito frouxo”, disse. “Está na hora de fazer um fiscal mais apertado para o juro cair”.
Apesar de apontar para o problema dos juros, André Esteves disse que não está pessimista com o Brasil. “Não sou pessimista. Acho que está fácil consertar o Brasil. Não precisa dar nenhum salto mortal, um carpado invertido”.
O sócio do BTG defende que o bom senso na economia vai fazer com que a situação melhore. “Estou achando que está fácil (consertar a economia). Precisa seguir o bom senso e a gente vai daqui para melhor”.
Esteves argumenta que o Brasil avançou nos últimos oito anos. “Somos o país que fez mais reformas estruturais no mundo, tanto no macro como no micro”, disse, ao citar as reformas trabalhista, previdenciária e, mais recentemente, a tributária. “Ela (a tributária) está longe do ideal, mas fomos para frente”, disse.
Na microeconomia, a principal reforma foi o novo marco do saneamento, diz Esteves. “A gente fala muito de política social, mas não existe nenhuma política social tão profunda como o saneamento. Também evoluímos no setor elétrico, no BNDES, fizemos privatizações. Andamos para frente”.
“Não é à toa que o crescimento no Brasil no ano passado foi o quarto ano seguido com surpresa para cima. A sucessão de medidas certas faz você andar para frente. Por isso, acho que estão fácil”.
Aos alunos de Harvard, ele defendeu que voltem ao Brasil e disse que “os próximos 30 anos serão menos hostis que os últimos 30” no país. “Nada de ficar trabalhando aqui nos Estados Unidos”.
A CNN viajou a convite da Brazil Conference