O dólar continuou sua recente trajetória de alta em relação ao real, fechando nesta quinta-feira, 1º, na maior cotação desde dezembro de 2021, acima de R$ 5,70. O avanço ocorreu em um dia de aversão global a ativos de risco e como resposta do mercado doméstico às sinalizações do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
O dólar à vista terminou o dia cotado a R$ 5,7364 na venda, marcando uma alta de 1,43%. Esse é o maior valor de fechamento desde 21 de dezembro de 2021, quando a cotação estava a R$ 5,7394. Em 2024, o dólar acumula uma valorização de 18,24%. Veja cotações
O Ibovespa, por outro lado, encerrou o dia em queda, refletindo a deterioração de Wall Street e movimentos de realização de lucros na bolsa paulista no início de agosto. A WEG continuou a registrar máximas, após indicar que suas margens devem permanecer resilientes no curto prazo.
O índice de referência do mercado acionário brasileiro fechou em queda de 0,19%, a 127.412,95 pontos, segundo dados preliminares, após alcançar 128.761,54 pontos na máxima do dia e 127.149,63 pontos na mínima. Essa queda veio após uma alta de 3% no Ibovespa em julho.
O volume financeiro na bolsa nesta quinta-feira foi de R$ 21,2 bilhões antes dos ajustes finais.
O dia foi marcado pela aversão global a ativos de maior risco, como o real brasileiro, o peso chileno, o peso mexicano e ações de bolsa, entre outros. O dólar ganhou força frente à maioria das divisas, com receios de que o conflito entre Israel e Hamas se intensifique, especialmente após o assassinato de Ismail Haniyeh em Teerã e a alegada morte de Mohammed Deif em Gaza.
No Brasil, o dólar apresentou alguma queda pela manhã, mas a pressão altista externa fez com que a moeda escalasse para valores acima de R$ 5,70 durante a tarde.
“Após o ataque no Irã, investidores buscaram ativos mais seguros que o nosso,” comentou Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos. “Isso deu suporte ao dólar.”
Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora, acrescentou que dados decepcionantes do setor industrial chinês também ajudaram a sustentar o dólar. O PMI industrial da China caiu para 49,8 em julho, abaixo do nível de 50 que indica crescimento, e ficou abaixo da expectativa de 51,5 dos analistas.
Embora a aversão ao risco seja global, o real se desvalorizou mais em relação ao dólar devido às reações ao comunicado do Copom, que manteve a taxa básica de juros em 10,50% e pediu cautela maior na política monetária sem sinalizações claras sobre os próximos passos.
“O dólar no Brasil está alinhado com o cenário externo, mas está um pouco mais forte aqui por vários fatores,” disse Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM. Segundo ele, a falta de indicação de um aumento da Selic pelo Copom é negativa para o real no curto prazo.
A curva de juros brasileira também refletiu essa percepção, com a queda das taxas dos DIs de curto prazo.
Após marcar a mínima de R$ 5,6330 (-0,40%) às 11h12, o dólar à vista atingiu a máxima de R$ 5,7453 (+1,58%) às 15h59, fechando o dia perto desse pico. Às 17h19, o índice do dólar, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,33%, a 104,390.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional em leilão para rolagem do vencimento de 1º de outubro de 2024.