Após um breve declínio em 2022, a dívida pública brasileira voltou a crescer no ano passado, alcançando 74,3% do PIB, conforme dados divulgados pelo Banco Central. Essa proporção, apesar de ser menor que os 87% registrados no auge da pandemia, preocupa, especialmente quando consideramos a métrica do Fundo Monetário Internacional (FMI), que coloca a dívida em 84,5% do PIB.
Esses números colocam o Brasil em uma posição desconfortável em comparação com outras economias, inclusive com a média da União Europeia. Ainda mais preocupante é a relutância do governo em implementar cortes de gastos, confiando apenas no aumento da arrecadação para equilibrar as contas.
A opção de rolar a dívida emitindo novos títulos torna-se insustentável à medida que os investidores exigem juros mais altos. Enquanto isso, os déficits primários persistem, alcançando R$ 230,5 bilhões no ano passado, representando 2,12% do PIB. Essa inação do governo está levando o Legislativo a pressionar por reformas, como a administrativa, embora seus efeitos sejam de médio a longo prazo.
A falta de medidas efetivas no curto prazo aumenta a incerteza e prejudica a confiança dos investidores, dificultando a atração de investimentos e levando a uma possível escalada na taxa de juros, contribuindo assim para um ciclo negativo de crescimento da dívida pública.