Diretor do Banco Central Defende Abordagem Flexível para Política Monetária
Em uma entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast, o diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central (BC), Paulo Picchetti, destacou a importância de uma abordagem mais flexível na condução da política monetária para alcançar uma taxa de juros mais baixa ao final do ciclo. Picchetti ressaltou a necessidade de “ir mais devagar para chegar mais longe”, indicando uma possível redução no ritmo de cortes de 0,50 ponto percentual da Selic.
O diretor alertou que o colegiado do BC usará argumentos técnicos caso haja discordância na decisão. Muitos analistas acreditam que isso pode ocorrer em junho, especialmente após a redução do forward guidance pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Picchetti enfatizou que a economia e a política monetária não são exatas, e divergências podem surgir e ser comunicadas de maneira transparente.
Picchetti, economista graduado pela Universidade de São Paulo e com Ph.D. em economia pela Universidade de Illinois, também abordou especulações sobre sua possível ascensão à presidência do banco, afirmando que não há evidências de que ele ou outra pessoa seriam considerados para a sucessão de Roberto Campos Neto.
Em relação à ata do Copom, Picchetti observou que embora o cenário básico não tenha mudado substancialmente, há maior incerteza sobre fatores domésticos e externos. Ele explicou que a decisão de remover o forward guidance para as próximas reuniões foi tomada para ganhar liberdade na avaliação dos dados. Quanto às expectativas de inflação do mercado, Picchetti mencionou a dispersão das expectativas para o IPCA até 2028 e discutiu possíveis razões para isso, incluindo questões conjunturais e riscos fiscais.
Sobre possíveis divisões dentro do Copom, especialmente em meio a mudanças de ritmo na política monetária, Picchetti enfatizou a importância de comunicar claramente os argumentos técnicos por trás das decisões para evitar interpretações políticas. Ele também abordou as incertezas em relação ao Federal Reserve dos EUA e seu impacto na condução da política monetária local, observando que é cedo para tirar conclusões definitivas.