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quarta-feira, 20 agosto, 2025
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CVM vê indícios de fraude em aporte de R$ 361 mi do Banco Master

Por Alexandre Gomes

Órgão regulador identifica operações suspeitas que aumentaram artificialmente os números da instituição

Uma apuração da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) identificou suspeitas de crimes financeiros que envolvem o Banco Master. Segundo o órgão, a instituição teria aplicado R$ 2,1 bilhões em empresas sem capacidade econômica para devolver o capital.

O relatório adverte que essas operações podem ter inflado artificialmente o patrimônio do banco e ameaçam a solidez de sua estrutura financeira. No momento, o Banco Central analisa a proposta do BRB, banco estatal de Brasília, para comprar 58% do Master. O jornal O Estado de S. Paulo divulgou as informações nesta quarta-feira, 20.

A negociação enfrenta resistências internas e já foi questionada pelo Ministério Público do Distrito Federal. Fontes próximas ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, relatam que ele não vê com bons olhos a operação.

O caso mais emblemático apontado pela auditoria envolve R$ 361 milhões investidos na Clínica Mais Médicos S.A., um pequeno consultório de Contagem (MG). A empresa registrava receita anual de apenas R$ 54 mil antes de receber os aportes milionários.

Para a CVM, a companhia servia como fachada. A sócia principal é uma ex-recepcionista que vive em um imóvel simples, incompatível com valores desse porte.

Os inspetores também observaram que a fachada da clínica não condiz com os recursos recebidos. As notas comerciais emitidas para captar os R$ 361 milhões tiveram um único comprador: o Banco Master.

Esse movimento levou à descoberta de outros aportes suspeitos em companhias ligadas a pessoas próximas ao controlador da instituição, Daniel Vorcaro.

Relatório indica risco ao patrimônio do Master

O parecer da CVM destaca que os aportes em dez empresas foram realizados entre 2022 e 2025, todos por meio da Laqus Depositária de Valores Mobiliários. Segundo a investigação, as companhias não tinham estrutura econômico-financeira compatível com as emissões.

O relatório afirma que o patrimônio líquido do Master passou de R$ 2,38 bilhões em 2023 para R$ 4,74 bilhões em 2024. Portanto, o órgão conclui que os aportes podem configurar crime de gestão fraudulenta, previsto no artigo 4º da Lei n° 7.492/86, cuja pena varia de três a 12 anos de prisão.

Em nota, o Banco Master negou irregularidades. “Os créditos citados, por meio do fundo mencionado, já foram integralmente quitados, não havendo qualquer exposição.”

A instituição declarou surpresa com as alegações e afirmou que adotará medidas administrativas, civis e criminais para resguardar sua imagem. A Clínica Mais Médicos também se manifestou.

“Todas as operações financeiras realizadas com a referida instituição foram integralmente quitadas, inexistindo qualquer pendência financeira”, diz trecho da nota.

A empresa disse atuar há mais de 30 anos no setor de saúde suplementar e defendeu sua conduta como ética e transparente. A Laqus, por sua vez, afirmou que apenas cumpre função de depositária. “Temos por obrigação regulatória validar se as transações cursadas em nosso ambiente de depósito atendem aos requisitos legais e infralegais de uma transação legítima de mercado de capitais”.

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