A mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada em 4 de dezembro, escancara o aumento da insatisfação do mercado financeiro com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O levantamento revela que a reprovação entre gestores, economistas, analistas e operadores de fundos de investimento subiu de 64% em março para alarmantes 90% agora, refletindo um crescente descrédito nas políticas e direções adotadas pela gestão petista.
O índice é ainda mais simbólico ao retornar ao patamar observado no início do mandato de Lula, quando a mesma fatia de profissionais já manifestava sua desaprovação. Este cenário reflete a desconfiança crônica e estrutural entre o governo e o setor econômico, agravada pelos recentes anúncios fiscais que causaram reações negativas.
Pacote fiscal: a gota d’água
O pacote de ajuste fiscal apresentado na última semana de novembro foi o estopim para a deterioração do humor do mercado. Em vez de acalmar os investidores, a medida foi interpretada como uma tentativa insuficiente e tardia de frear a trajetória descontrolada dos gastos públicos. O resultado? A percepção de fragilidade na condução da política econômica, com uma equipe incapaz de lidar com desafios estruturais, como o aumento da dívida pública e o controle inflacionário.
A queda na avaliação regular do governo de 30% para 7%, e a aprovação estagnada em 3%, reforçam a imagem de um Executivo que falha em inspirar confiança.
Confiança em Lula: quase inexistente
Um dado particularmente crítico da pesquisa é que 97% dos entrevistados não confiam ou confiam pouco em Lula. Esse número revela uma crise de credibilidade que extrapola o campo econômico, afetando a visão geral sobre a liderança presidencial.
Enquanto isso, figuras como Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, seguem sendo elogiadas pelo setor. Com 70% de confiança, Campos Neto é visto como um dos poucos pontos de estabilidade em um governo que parece estar constantemente no centro de incertezas.
Projeções políticas preocupantes
O cenário político também alimenta o pessimismo. A perspectiva de Lula disputar a reeleição em 2026 é vista como improvável de sucesso por 66% dos entrevistados. Com Jair Bolsonaro, ainda, inelegível, Tarcísio de Freitas desponta como o nome favorito da direita, enquanto Fernando Haddad, ministro da Fazenda, é apontado como o provável herdeiro da candidatura petista caso Lula opte por não concorrer.
O mercado também enxerga fragilidade na articulação política do governo. A troca no comando do Congresso, com Davi Alcolumbre no Senado e Hugo Motta na Câmara, é vista como um complicador adicional para as já difíceis negociações de Lula com o Legislativo.
Os números não deixam dúvidas: o governo Lula é visto pelo mercado como um gestor ineficaz e desalinhado às necessidades econômicas do país. A desconfiança nas diretrizes adotadas, somada à percepção de fraqueza política, projeta um cenário preocupante para os próximos anos.
A avaliação negativa, que atinge quase unanimidade, não pode ser ignorada. Em vez de fortalecer a estabilidade fiscal e criar condições para o crescimento, o governo parece caminhar na direção oposta, afastando investidores e alimentando a incerteza sobre o futuro do Brasil.
Se o governo Lula não buscar rapidamente reverter essa situação com medidas concretas e responsáveis, o país pode enfrentar não apenas o descrédito do mercado, mas um impacto ainda mais profundo em sua economia e na confiança geral da sociedade.