Setores de transformação e construção sofrem em meio ao aperto monetário e importações; indústria extrativa se consolida como única exceção da categoria
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) diminuiu pela segunda vez consecutiva a projeção de crescimento da indústria brasileira este ano, em meio ao cenário de juros em 15%, o maior patamar desde 2006.
A perspectiva de alta para o PIB (Produto Interno Bruto) do setor caiu para 1,6%, contra projeção anterior de 1,7%, segundo o Informe Conjuntural divulgado pela confederação para o terceiro semestre. Os dados foram publicados nesta sexta-feira (17).
A queda é influenciada principalmente pela indústria da transformação, responsável por transformar matéria-prima em produtos intermediários ou finais, abrangendo diversos setores, de automóveis a vestuário e eletrônicos.
O desempenho esperado para a indústria da transformação contou com um declínio acentuado, saindo de 1,5% para 0,7%. Outras categorias industriais como construção, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos também retrocederam.
A Indústria Extrativa, contudo, se destacou em meio ao cenário negativo. O setor voltado à extração de matéria prima foi o único entre os segmentos industriais a mostrar bom desempenho em 2025, saltando de 2% para 6,2%.
Alta dos juros justificam projeção
Entre os motivos para o declínio, a CNI cita o patamar elevado das taxas de juros: Selic permanece em 15% ao ano desde a reunião de junho do Copom (Comitê de Política Monetária).
A confederação projeta que o valor se mantenha inalterado até o final do ano, enquanto a taxa de juros real, que desconta a inflação, alcance 10,3% no mesmo período.
A entidade também justificou a piora das expectativas pela alta importação no mercado, prejudicando o cenário interno.
“A indústria de Transformação tem sido afetada em 2025 por uma série de fatores. Deles, se destacam o patamar elevado dos juros e a forte entrada de importados, sobretudo de bens de consumo, que capturam parte relevante da demanda por bens industriais, que também se encontra mais fraca”, aponta o relatório da instituição.
A CNI também acredita que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) feche o ano de 2025 em alta de 4,8%, acima do teto de 4,5% em 12 meses. Já o último boletim Focus, divulgado na segunda-feira (13) compilando estimativas de economistas, projetou que o índice feche 2025 em 4,72%.
“O ritmo da atividade industrial tem sido afetado, em 2025, principalmente: pelo patamar elevado dos juros e pela forte entrada de importados, sobretudo de bens de consumo, que capturam parte relevante da demanda por bens industriais”, pontua o documento.